O coordenador para o Algarve do Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local e Regional, Empresas Públicas, Concessionárias e Afins (STAL), Bruno Luz, disse à agência Lusa que a "greve teve uma grande adesão", mas lamentou que a "pressão" realizada pela empresa tivesse levado trabalhadores a fazer turnos duplos e tenha retirado algum efeito à paralisação.
Questionada pela Lusa sobre os efeitos da greve, a EMARP, empresa municipal gestora pela recolha, tratamento e deposição de resíduos urbanos e higiene urbana de Portimão, cuja Câmara Municipal detém 100% do capital social, indicou que a paralisação teve "19% de adesão e os serviços afetados foram os serviços especiais de recolha de monos e de verdes; a lavagem de ilhas ecológicas e contentores; o corte de ervas e a varredura mecânica".
A greve convocada pelo STAL decorreu entre sexta-feira e hoje e os trabalhadores da recolha de resíduos e higiene urbana pedem à administração que cumpra o caderno reivindicativo, aprovado em plenário, e que aponta "medidas imediatas" para a valorização dos salários, "como a revisão da tabela salarial, atualização de subsídios e a recuperação do tempo de serviço".
Ao mesmo tempo, exige a reposição das 35 horas semanais de trabalho, a eliminação do designado banco de horas, o combate à precariedade e o respeito pelas funções.
Mas a empresa argumentou que "a marcação da greve foi efetuada num momento posterior a uma reunião ocorrida com os responsáveis da empresa na qual foi transmitido ao sindicato que a EMARP mantém uma via aberta para o diálogo".
A empresa considerou, no entanto, que por se estar na "época mais exigente nas questões operacionais, fruto da sazonalidade própria dos destinos turísticos por excelência", como é o caso do Algarve e de Portimão, "as negociações deveriam ter lugar em outubro" e abranger "alterações do Acordo de Empresa, o qual, com exceção das cláusulas de natureza pecuniária, nos termos da legislação vigente, apenas poderá ser alterado a partir do mês de setembro".
"A este propósito importa referir que, em maio do corrente ano, a EMARP adotou os princípios que nortearam o aumento extraordinário aplicado à administração pública, cujos efeitos retroagiram a janeiro do corrente ano. Não obstante, foi entendimento daquela organização avançar para a marcação de uma greve, pelo que, sendo um direito constitucionalmente garantido, limitamo-nos a respeitar a opção tomada sem prejuízo de mantermos a total disponibilidade para o diálogo", referiu ainda a empresa.
O dirigente sindical disse que, na sexta-feira, a adesão foi "entre 85 e 90%", mas hoje terá rondado "cerca dos 70%", e afirmou que a empresa teve "grandes dificuldades para fazer a recolha" do lixo, "porque havia poucos trabalhadores e os poucos que havia sujeitaram-se, em muitos dos casos, a fazer dois turnos".
"Não havendo abertura negocial por parte da empresa, os objetivos não foram concretizados e não estão cumpridos. Mas hoje, os trabalhadores concentraram-se em frente à Câmara e afirmaram-se, outra vez, disponíveis para todas as formas de luta possíveis. Não dizemos que vamos marcar já outra greve, mas estão em aberto e estão em cima da mesa todas as formas de luta", disse ainda o coordenador do STAL no Algarve.
A mesma fonte criticou ainda a postura da empresa durante um piquete realizado na sexta-feira à porta da empresa, onde entram em saem os camiões de recolha, falando em "intimidação" por parte de responsáveis para com os trabalhadores, mas remeteu mais esclarecimentos para um posicionamento que o sindicato irá tomar nos próximos dias.
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