Médicos? "Para haver acordo, é preciso um entendimento dos dois lados"
As palavras são do ministro da Saúde, Manuel Pizarro, a propósito da reunião com os sindicatos dos médicos, realizada na quinta-feira.
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País Pizarro
O ministro da Saúde, Manuel Pizarro, afirmou, esta sexta-feira, "que o Governo ouve sempre as propostas e pondera sempre as propostas dos sindicatos com critérios de razoabilidade", embora não haja ainda acordo entre o Ministério e os sindicatos, mantendo-se as greves dos médicos.
Um dia após nova ronda negocial, Pizarro afirmou que "para se fazer um acordo, é preciso um entendimento dos dois lados", destacando que "em alguns dos casos" ficou surpreendido por não se ter chegado a acordo.
“Espero que ainda haja diálogo e aproximação de posições quando as pessoas perceberem realmente a dimensão da proposta que o Governo fez", acrescentou ainda.
Pizarro, no entanto, teceu elogios aos médicos por cumprirem "escrupulosamente" os serviços mínimos, afirmando que "nunca está em causa criar situações que gerem insegurança às pessoas".
Recorde-se que a proposta final apresentada pelo Ministério da Saúde aos sindicatos dos médicos prevê um aumento de 917,10 euros mensais na remuneração de entrada dos médicos especialistas que trabalham nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
De acordo com a proposta, cujos aumentos salariais foram revistos e "são imediatos", a "remuneração de entrada" de um médico especialista que trabalha num hospital passará de 2.863,21 euros/mês para 3.780,31 euros/mês.
Os médicos em dedicação plena terão um horário de 35 horas semanais, a que acrescem cinco horas, e um aumento salarial de 33%.
Segundo a proposta, os médicos que não querem aderir a este regime terão "um ajustamento salarial" de 6,3% (horário de 35 horas semanais), 3,6% (horário de 40 horas semanais) e 2,7% (42 horas semanais em dedicação exclusiva).
Sobre esta questão em específico, a Federação Nacional dos Médicos (Fnam) considerou o "aumento transversal de 3,6%" para os médicos proposto pelo Governo "um insulto a toda a classe", apontando ao executivo "falta de vontade política".
A dedicação plena, segundo a proposta, será o "regime normal de trabalho" nos hospitais aplicável a todos os médicos que integram os Centros de Responsabilidade Integrados e que ocupam cargos de chefia. Para os restantes, a adesão é voluntária.
Para os médicos internos, que estão em formação para obtenção da especialidade, a tutela propõe aumentos salariais de 3% (internos de formação geral), 4,75% (médicos dos três primeiros anos de formação específica) e de 9,8% (médicos a partir do quarto ano de especialidade).
Nos cuidados de saúde primários, prestados nos centros de saúde, a dedicação plena aplica-se a todos os médicos integrados nas chamadas Unidades de Saúde Familiar (USF), segundo a proposta do Ministério da Saúde, que assinala que "todas as USF terão um regime de remuneração associado ao desempenho", que inclui salário base, suplementos e incentivos ao desempenho.
A proposta final da tutela acaba com as quotas que existiam para a passagem das USF modelo A e das Unidades de Cuidados de Saúde Personalizados (UCSP) para as USF modelo B.
As USF modelo A e as UCSP que se candidataram a USF modelo B podem fazer essa transição com a remuneração dos médicos a ser associada ao desempenho e a ter um aumento superior a 60%.
Os médicos que "não possam integrar no imediato uma USF modelo B poderão aderir individualmente ao regime de dedicação plena com acréscimo remuneratório de 33%, indexado ao alargamento da lista de utentes", segundo a proposta.
O Ministério da Saúde salienta que todos os aumentos salariais propostos somam, a partir de janeiro, às valorizações remuneratórias (de pelo menos 2% anuais até 2026) que "são transversais à Administração Pública", nos termos do Acordo Plurianual de Valorização dos Trabalhadores da Administração Pública.
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