Um voo da companhia aérea Delta Airlines que partiu do Gana e tinha como destino Nova Iorque, nos EUA, foi desviado para a ilha Terceira, nos Açores, devido a problemas com o oxigénio na aeronave, no dia 8 de setembro. Vários passageiros denunciaram a falta de apoio da transportadora aérea, tendo revelado que uma representante no Aeroporto Internacional das Lajes, onde permaneceram por 12 horas, os aconselhou a sentir-se "agradecidos" por o avião não ter caído no Oceano Atlântico.
Nana Asante-Smith, que seguia no voo 157, acusou a companhia aérea de ter "abandonado" os passageiros, que foram tratados como "baratas invasoras pelos representantes do aeroporto da ilha Terceira", através de uma publicação na rede social Facebook.
"Depois de desembarcarmos, fomos conduzidos a um autocarro que nos levou ao aeroporto. Fomos levados para uma secção separada, sem acesso livre ao aeroporto, porque aqueles com passaportes ganeses não tinham os vistos necessários. Os membros da tripulação foram levados para um hotel, e nunca mais os vimos A partir desse momento, nunca mais vimos um representante da Delta. Interagimos apenas com representantes do aeroporto das Lajes", explicou a mulher, na mesma publicação.
De acordo com Asante-Smith, os funcionários do aeroporto português terão assegurado os passageiros que um voo proveniente de Boston chegaria pelas 14h15, e que seriam fornecidas refeições entre as 11h00 e as 12h00. Contudo, às 11h30, os viajantes souberam que não seriam alimentados, uma vez que, segundo a Delta, já teriam comido, pelas 6h00.
"Como resposta a esta atualização desconcertante, um senhor perguntou por garrafas de água gratuitas. Uma das representantes do aeroporto, uma mulher de camisa branca e de óculos, disse que poderíamos beber água da torneira da casa de banho. Depois de algum tempo e de reclamações, um pequeno café na esquina abriu e as pessoas puderam comprar comida, se tivessem cartão de crédito", complementou.
A mulher adiantou que, perante as súplicas dos passageiros, estes receberam "sacos com sanduíches de presunto (que muitos não conseguiam comer devido às restrições alimentares associadas à carne de porco), sumos e biscoitos/bolachas". Além disso, não havia lugares suficientes para as cerca de 215 pessoas que aguardavam atualizações, muitas quais foram obrigadas a ficar "sentadas no chão".
"Desconfortável não descreve adequadamente as cadeiras duras, semelhantes a aço. Como resposta, a referida representante do aeroporto advertiu-nos para não iniciarmos ‘uma revolução’ e para ‘estarmos gratos por uma segunda oportunidade na vida’", disse.
Na verdade, uma outra passageira publicou, na rede social X (antigo Twitter), uma interação com a funcionária mencionada, tendo adiantado que a mesma reforçou que os viajantes deveriam estar "agradecidos por os terem permitido estar ali e por o avião não ter caído no oceano".
This female rep told us we should be grateful that they allowed us to be here and our plane didn’t crash in the sea pic.twitter.com/AwOR2jPp2I
— Kiaundra Eggleston (Smith) (@KiaundraSmith) September 9, 2023
"Por volta das 15h49, graças a informações de terceiros perante o silêncio ensurdecedor da Delta, e mais de nove horas após a aterragem na ilha Terceira, fomos informados de que o nosso avião ainda não tinha saído de Lisboa. Depois de mais de 12 horas naquela divisória do aeroporto, partimos. Disseram-nos que a nossa bagagem não iria connosco. Foi então que soubemos através de um dos comissários de bordo o que realmente aconteceu no primeiro voo: que o oxigénio estava perigosamente comprometido em todo o avião, e não apenas na cabine".
Já em Nova Iorque, os passageiros foram informados de que a companhia aérea estava "sobrecarregada", alegadamente devido às más condições climáticas na costa leste dos EUA naquele fim de semana, segundo disse um representante ao Business Insider.
A mesma fonte adiantou que os passageiros receberam refeições na ilha Terceira e que as suas malas seguiram para o Aeroporto Internacional John F. Kennedy no voo original, mas que seriam reembolsados.
Contudo, Asante-Smith disse ao mesmo meio ter recebido um voucher de 400 dólares (cerca de 375 euros) e um e-mail sobre o reembolso do bilhete, mas que, até segunda-feira, ainda não tinha recebido a quantia, nem a sua bagagem.
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