O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, rejeitou, esta quarta-feira, as críticas apontadas ao Governo em matéria de ação climática, defendendo que o país está "na vanguarda" a nível mundial neste domínio.
"Devo dizer uma coisa, em bem nome da verdade, e sabem que eu, nem sempre sou, por assim dizer, de aplauso fácil ao Governo, mas há um domínio em que os sucessivos Governos em Portugal e na União Europeia (UE) estão na vanguarda a nível mundial, que é o clima", disse o Presidente da República, em declarações aos jornalistas, em reação aos sucessivos protestos levados a cabo por ativistas climáticos nos últimos dias.
Para Marcelo, a Europa "bate-se pelo clima", quando países como os Estados Unidos da América, a Rússia ou a China "não se batem".
"E dentro da Europa, ainda agora eu disse nas Nações Unidas, Portugal antecipou a descarbonização para 45, Portugal está num papel liderante em matéria de energias renováveis, vamos para 80% em 2026, a ver se nos aproximamos de 100% da eletricidade em 2030", elucidou
"Portanto, para sermos justos, há outros pontos, em que é mais fácil criticar o Governo do que em matéria de transição de energia, em matéria de ação climática. E quem diz este Governo, diz os Governos anteriores do mesmo primeiro-ministro e até o Governo anterior de outro primeiro-ministro", reforçou.
O chefe de Estado fez questão de notar que a liberdade é "fundamental" em Democracia, mas mostrou-se em desacordo com críticas nesta matéria.
"A liberdade é fundamental em Democracia, ninguém pode censurar a liberdade. Mas, neste ponto, acho que se pode dizer 'é preciso mais', 'mais depressa', 'estamos a perder tempo', mas Portugal está na vanguarda da Europa e a Europa está na vanguarda do mundo", completou.
De notar, contudo, que antes destas declarações, Marcelo havia destacado que a contestação dos jovens demonstra que estão preocupados com as alterações climáticas e que essa "não é uma realidade nova" em Portugal.
"Isto é positivo porque foi largamente a juventude, nos últimos anos, o motor dessa preocupação com o clima", vincou, considerando que "as formas de luta são mais ou menos eficazes", não lhe cabendo, no entanto, estar a qualificar a sua eficácia.
O Presidente foi ainda interrogado sobre a situação política vivida na Madeira, mas recusou tecer comentários sobre o assunto. "Não comento. Isso era comentar partidos, eleições, Governos, coligações. Não comento", rematou.
Recorde-se que, esta quarta-feira, um grupo de ativistas climáticos interrompeu o evento 'World Aviation Festival', na FIL Lisboa, e pintou a fachada daquele recinto com tinta vermelha. Segundo o comunicado da Climáximo, estiveram envolvidos jovens ligados a esta organização e à Scientist Rebellion, que chegaram cerca das 10h00 à FIL, pintaram de vermelho as paredes daquele espaço e exibiram uma faixa com a mensagem "Eles estão a matar-nos".
Este incidente surge na sequência de outro registado na terça-feira, no qual ativistas do grupo Greve Climática Estudantil atiraram tinta verde ao ministro do Ambiente e da Ação Climática, Duarte Cordeiro, numa conferência da CNN sobre transição energética em que participavam as empresas Galp e EDP.
[Notícia atualizada às 22h07]
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