"Acho que é obrigatório dizer -- é um dever dizer -- que é hora dos jovens, porque eles revelaram nos últimos meses aqui em Portugal e para o mundo a sua enorme capacidade para superar, para resolver, para encontrar soluções, onde, por vezes as gerações mais antigas já não são capazes de o fazer", salientou o antigo bispo das Forças Armadas.
Rui Valério falava aos jornalistas à margem da apresentação da Pastoral Juvenil do Patriarcado da Lisboa para 2023/24, ao início da noite de hoje, num bar, no Cais do Sodré, que é uma das zonas mais conhecidas da movida lisboeta.
O clérigo adiantou que estar no Cais do Sodré, rodeado por dezenas de jovens, é estar num local que "se situa no coração das pessoas".
"(...) É necessário estar com as pessoas a partilhar os seus desafios, a partilhar as suas vicissitudes, portanto, é 'um estar' com 'não haja dúvidas'", observou, adicionando que a Igreja quer "acompanhar as linguagens dos jovens".
Aos jornalistas, o religioso reconheceu haver uma carência na relação entre a Igreja e as pessoas.
"Há um défice que vai acontecendo ao longo dos tempos, que não é culpa de ninguém, é o processo natural. O que acontece é que, por vezes, as linguagens vão-se modificando e alterando", realçou, dando como exemplo o processo do crescimento humano desde criança até à fase adulta, dizendo que é preciso "acertar no ritmo da mesma linguagem".
Para Rui Valério, a JMJ colocou "os jovens como os verdadeiros protagonistas, tanto na Igreja como na sociedade".
"A eles pertence uma acutilância, uma sabedoria, que verdadeiramente é o que atualmente constitui uma esperança para toda a humanidade", sublinhou.
De acordo com o novo patriarca de Lisboa, que tomou posso no início de setembro, os jovens são o "futuro na medida em que começam a ser o presente".
"O presente dos jovens é aquele que os leva a um envolvimento mais integral nas questões de todos nós", referiu, apontando para sua capacidade surpreendente de "olhar para um conflito como aquele que está, neste momento, a acontecer na Ucrânia".
O religioso disse ainda que para cativar os jovens é preciso "ouvi-los, escutá-los e convocá-los".
"A Igreja só terá e só atrairá jovens, se os jovens não vierem para assistir. Os jovens requerem protagonismo e com legitimidade e com razão, porque, de facto, eles estão munidos do manancial que lhes dá legitimidade para não se contentarem em vir para escutar, em vir para ver, em vir porque sim (...), eles não querem ficar atrás", acrescentou.
Antes, dois jovens cristãos, Adriana Moleiro e Duarte Hortinha, falaram sobre a sua experiência na JMJ, dizendo que é preciso "uma Igreja fora da caixa" e "viver para os outros".
Tendo como meta o Jubileu 2025, que acontecerá em Roma, o ano pastoral vai ser preenchido com Encontros JMJ (14 e 15 de outubro), Itinerário Episcopal, Jornada Diocesana da Juventude, em Vila Franca de Xira (26 de novembro), Fórum Geração Rise Up (de 8 a 10 de dezembro), Peregrinação a Fátima para agradecer a JMJ (10 de dezembro), Via Sacra no início da Quaresma (16 de fevereiro), Vigília da misericórdia (16 de março), Pentecostes (18 de maio) e Festival da Juventude (06 de julho).
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