Várias dezenas de pessoas juntaram-se, esta segunda-feira, ao final da tarde, no Largo de Camões, em Lisboa, para protestar pela autodeterminação e pelo direito à resistência do povo palestiniano.
Imagens obtidas pelo Notícias ao Minuto e divulgadas pelas redes sociais mostram a multidão na praça lisboeta, no centro da baixa, a gritar palavras de ordem como 'Palestina vencerá' e 'Huriya' (árabe para 'Liberdade').
A manifestação foi convocada pelo 'Coletivo pela Libertação da Palestina', um grupo criado este ano para a defesa dos direitos dos palestinianos a partir de Portugal. Na publicação em que convocou o protesto, afirmaram acreditar "no direito do povo palestiniano de resistir à ocupação colonial com qualquer meio à sua disposição".
"A descolonização não é apenas uma metáfora, um enquadramento teórico. E é quando ela se torna real que temos de dizer: sim, defendemos a Palestina livre", vincou o grupo, que acrescentou que não tem "qualquer afinidade com o projeto político do Hamas", mas reconhece "o desejo de libertação de todo um povo".
No protesto estão vários palestinianos, além de cidadãos de nacionalidade portuguesa.
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A convocatória foi acolhida com algumas críticas, nomeadamente pelo antigo deputado do CDS-PP e comentador televisivo, Francisco Mendes da Silva, que considerou que o protesto é "uma manifestação de apoio à chacina premeditada de inocentes como arma política".
A recente situação na Palestina foi espoletada após um ataque sem precedentes pelo Hamas, o grupo fundamentalista que gere isoladamente a Faixa de Gaza, onde vivem cerca de 2,3 milhões de palestinianos sob condições que a Organização das Nações Unidas já considerou deploráveis, descrevendo o pequeno enclave como uma "prisão a céu aberto".
Esta segunda-feira, o ministro da Defesa de Israel declarou um "cerco total" à Faixa de Gaza, cortando o fornecimento de água, luz e combustível para a região. A Human Rights Watch acusou rapidamente o governo israelita de crimes de guerra por "punir coletivamente" os palestinianos pelos crimes do Hamas, e António Guterres, secretário-geral da ONU, mostrou-se "profundamente preocupado" pelo tratamento de civis da parte de Israel.
Os ataques do Hamas foram considerados por Israel e pelos seus vários aliados no Ocidente como "terroristas", especialmente após militantes do grupo terem atacado civis e sequestrado pessoas de volta para Gaza. Num dos incidentes, o grupo atacou um festival de música que decorria perto de Gaza, deixando pelo menos 200 corpos.
Em resposta aos ataques, Israel iniciou uma enorme vaga de bombardeamentos contra Gaza, tornando ainda mais difíceis as condições para os civis que lá vivem. Esta segunda-feira, organizações internacionais começaram a mostrar-se preocupadas com a divisão entre o Hamas e o povo palestiniano, após um comissário europeu ter declarado que iria ser cortado o financiamento humanitário a atividades na Palestina (algo que foi entretanto refutado por outro comissário e contestado pela Irlanda e pela Espanha).
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