O embaixador de Israel em Portugal, Dor Shapira, teceu, esta terça-feira, duras críticas ao secretário-geral da ONU, António Guterres, considerando que o português provou que "este organismo perdeu a sua credibilidade ao trair o mundo livre".
Em causa estão declarações de Guterres sobre o conflito entre Israel e o Hamas, manifestando-se preocupado com as "claras violações" do direito humanitário internacional em Gaza.
"Faz hoje 78 anos que a Carta das Nações Unidas entrou em vigor com um objetivo: tornar o 'nunca mais' uma realidade", começou por referir na rede social X (antigo Twitter).
"Hoje, 78 anos depois, o secretário-geral da ONU, António Guterres, provou que este organismo perdeu a sua credibilidade ao trair o mundo livre. Não há justificação para atos de terror. Ponto final!", acrescentou.
Sublinhe-se que, na abertura de uma reunião do Conselho de Segurança da ONU sobre a atual situação no Médio Oriente, realizada ao 18.º dia da guerra entre Israel e o grupo islamita palestiniano Hamas, que controla a Faixa de Gaza desde 2007, Guterres condenou inequivocamente os "atos de terror" e "sem precedentes" de 7 de outubro perpetrados pelo Hamas em Israel, salientando que "nada pode justificar o assassinato, o ataque e o rapto deliberados de civis".
Contudo, o secretário-geral da ONU admitiu ser "importante reconhecer" que os ataques do grupo islamita Hamas "não aconteceram do nada", frisando que o povo palestiniano "foi sujeito a 56 anos de ocupação sufocante".
"Viram as suas terras serem continuamente devoradas por colonatos e assoladas pela violência; a sua economia foi sufocada; as suas pessoas foram deslocadas e as suas casas demolidas. As suas esperanças de uma solução política para a sua situação têm vindo a desaparecer", prosseguiu Guterres.
As declarações já foram condenadas por Israel, com o chefe da diplomacia israelita, Eli Cohen, a questionar Guterres "em que mundo vive" e o embaixador de Israel na ONU a pedir a sua demissão.
"Senhor secretário-geral, em que mundo vive?", questionou Eli Cohen na reunião ministerial do Conselho de Segurança da ONU. "Sem dúvida, não é no nosso", acrescentou o ministro dos Negócios Estrangeiros, mostrando imagens dos ataques do Hamas contra civis.
Não só o ministro dos Negócios Estrangeiros (MNE) israelita, Eli Cohen, criticou o discurso do secretário-geral da ONU, como também o embaixador do país na organização, Gilad Erdan, pediu que este renunciasse ao cargo.
Teresa Banha | 18:10 - 24/10/2023
O embaixador israelita na ONU, Gilad Erdan, denunciou na plataforma X o "discurso chocante" de António Guterres, a quem acusou de ver a situação de "uma forma distorcida e imoral", e pediu que se "demita imediatamente".
Recorde-se que, depois do ataque surpresa do Hamas contra o território israelita, sob o nome 'Tempestade al-Aqsa', Israel bombardeou a partir do ar várias instalações daquele grupo armado na Faixa de Gaza, numa operação que denominou 'Espadas de Ferro'.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, declarou que Israel está "em guerra" com o Hamas, grupo considerado terrorista por Israel, pelos Estados Unidos e pela União Europeia (UE).
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