O primeiro-ministro português pediu esta quinta-feira que os países da União Europeia se entendessem e apoiassem a criação de condições para que a ajuda humanitária chegue facilmente à Faixa de Gaza, alertando que a "terminologia" é o menos importante.
À porta da reunião do Conselho Europeu, em Bruxelas, António Costa foi questionado se apoiava um cessar-fogo ou, como o Reino Unido prefere chamar, uma "pausa humanitária".
"Não nos vamos prender à terminologia. O que é essencial é que se criem condições para que a ajuda humanitária possa existir. Nós reconhecemos o direito de Israel responder militarmente, de forma a destruir a capacidade ofensiva do Hamas. Isso é evidente. Agora, não podemos confundir o Hamas com o povo palestiniano, nem com o conjunto das pessoas que vivem em Gaza, e não podemos, numa operação militar contra ao Hamas, causar danos colaterais que seriam uma tragédia humanitária junto de toda a população", afirmou Costa.
A União Europeia tem evitado qualquer pedido de cessar-fogo e tem apoiado incondicionalmente o governo de Telavive, com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, a procurar afirmar-se como um dos aliados mais fortes do governo ultranacionalista de Benjamin Netanyahu.
A única contenção que a UE tem pedido a Israel é que este respeito o direito internacional e o direito humanitário - algo que não está a ser cumprido, segundo consideram várias organizações não-governamentais, incluindo a ONU, que apontam o corte de energia, água, luz, combustível e bens médicos como crimes de guerra.
Costa reiterou que "não pode haver ajuda humanitária sob bombardeamento", e alertou que os Estados-membros devem entender-se para que a mensagem passe a ser comum.
"Nós temos que nos entender todos uns aos outros para chegarmos a uma posição comum. Quer por razões históricas, quer por uma visões diferentes do direito internacional e da sua aplicação, nem todos os estados têm uma posição idêntica. O esforço que tem vindo a ser feito, e tem vindo a ser conseguido desde a semana passada, pelo menos, é que haja uma posição comum entre os Estados-membros, com a UE a falar a uma só voz", vincou o chefe do governo português.
Ainda sobre o direito de autodefesa de Israel, Costa recordou que este deve ser "exercido no estrito respeito pelo direito internacional, no respeito pelo direito humanitário", e pediu que não haja "confusão entre um grupo terrorista, que é o Hamas, com o respeito que temos todos de ter pelas vidas humanas", seja as vidas israelitas que foram mortas pelo Hamas, seja "aquelas que são dano colateral na ação militar contra o Hamas" - evitando, assim, atribuir responsabilidade direta a Israel pela morte de mais de 7.000 palestinianos, incluindo quase 3.000 crianças.
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