10 milhões de caução? "Justificação nenhuma". MP chegou lá "pelo cheiro"

O cofundador da Altice, Armando Pereira, pagou uma caução de 10 milhões de euros - a maior alguma vez exigida pela justiça portuguesa - para ficar em liberdade.

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Notícias ao Minuto com Lusa
30/10/2023 14:28 ‧ 30/10/2023 por Notícias ao Minuto com Lusa

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Armando Pereira

O advogado Manuel Magalhães e Silva reagiu ao pagamento de uma caução de 10 milhões de euros aplicada ao ex-patrão da Altice, Armando Pereira, na sequência do julgamento do caso EDP, afirmando que "foi 'show off'" e que o Ministério Público (MP) chegou a esse valor "pelo cheiro".

"A justificação é nenhuma. Neste sentido, foi pelo cheiro que o Ministério Público achou que eram 10 milhões, dando cobertura a esse cheiro e o juiz também", começou por dizer Magalhães e Silva em declarações aos jornalistas à porta do Campus de Justiça. 

O advogado declarou ainda que Armando Pereira poderia ir para Espanha "se quisesse" e sem "dificuldade nenhuma".

"Estando em Guilhofrei [freguesia portuguesa do município de Vieira do Minho], tivesse Guarda Nacional Republicana (GNR) ou tivesse pulseira eletrónica, se quisesse sair para Espanha não tinha dificuldade nenhuma. Todo esse quadro das pulseiras eletrónicas e das guardas comportam mais um grau de 'show off' do que a realidade", reiterou o representante da defesa do cofundador da Altice.

Questionado se mesmo tendo a pulseira eletrónica, Armando Pereira podia deslocar-se a Espanha, o advogado respondeu que "claro que sim".

"Corta a pulseira, começa a dar o alarme e em 20 minutos está em Espanha. Qual é a possibilidade de reação da autoridade policial para conseguir evitar que ele vá para Espanha?", terminou.

Recorde-se que Armando Pereira, já pagou a caução de 10 milhões de euros para deixar de estar em prisão domiciliária e poder ficar em liberdade.

Esta é a maior caução alguma vez exigida pela justiça portuguesa - logo a seguir ficam as pedidas a Manuel Pinho e Álvaro Sobrinho (de seis milhões) e a Joe Berardo (de cinco milhões).

Além da caução, está também proibido de contactar os outros arguidos do processo e colaboradores de empresas ligadas ao também arguido Hernâni Vaz Antunes (conhecido como braço direito de Armando Pereira) e ao grupo Altice, bem como de viajar para o estrangeiro sem autorização.

Armando Pereira está indiciado pelo Ministério Público (MP) de 11 crimes, entre os quais seis de corrupção ativa e um de corrupção passiva no setor privado, além de quatro de branqueamento de capitais e crimes não quantificados de falsificação de documentos no processo 'Operação Picoas'.

Neste processo está em causa uma "viciação decisória do grupo Altice em sede de contratação, com práticas lesivas das próprias empresas daquele grupo e da concorrência" que apontam para corrupção privada na forma ativa e passiva e para crimes de fraude fiscal e branqueamento.

Os investigadores suspeitam que, a nível fiscal, o Estado terá sido defraudado numa verba superior a 100 milhões de euros.

A investigação indica também a existência de indícios de "aproveitamento abusivo da taxação reduzida aplicada em sede de IRC na Zona Franca da Madeira" através da domiciliação fiscal fictícia de pessoas e empresas. Entende ainda o MP que terão também sido usadas sociedades 'offshore', indiciando os crimes de branqueamento e falsificação.

O MP desencadeou em 13 de julho uma operação com cerca de 90 buscas domiciliárias, que resultou na detenção de Armando Pereira, Hernâni Vaz Antunes, Jéssica Antunes (filha do braço direito do cofundador da Altice) e Álvaro Loureiro, administrador de empresas (estes dois últimos arguidos saíram em julho em liberdade, sob caução).

Foram ainda apreendidos documentos e objetos, "tais como viaturas de luxo e modelos exclusivos com um valor estimado de cerca de 20 milhões de euros".

Leia Também: De 5 a 10 milhões. O 'top' das cauções pedidas pela justiça portuguesa

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