O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, reiterou, este sábado, que não interferiu no tratamento de duas bebés luso-brasileiras com atrofia muscular espinhal, no Hospital de Santa Maria, em Lisboa.
"O que está ali em causa é o seguinte, o Presidente da República interferiu ou não interferiu? Eu ontem disse que não tinha feito isso. Se tivesse feito, eu tinha dito: 'fiz isso'. Não, não fiz. Não falei ao primeiro-ministro, não falei à ministra, não falei ao secretário de Estado, não falei ao diretor-geral, não falei ao presidente do hospital, nem ao conselho de administração, não falei", disse o chefe de Estado, em declarações aos jornalistas, em Setúbal, à margem do 5.º encontro de Cuidadores Informais.
Notando que não irá avançar na Justiça contra jornalistas, Marcelo admitiu, contudo, que o fará se "aparecer alguém" a dizer que "o Presidente falou", frisando que não pode haver suspeitas sobre o chefe de Estado.
"Vendo a reportagem, ninguém aparece a dizer que eu falei com essa pessoa. Ninguém. Só há um Presidente. A família do Presidente não foi eleita. Se aparecer alguém, eu aí não tenho outro remédio se não eventualmente ir a tribunal comparar a minha verdade com a verdade dessa pessoa", admitiu.
"Por uma razão muito simples, é a defesa da honra do Presidente da República, não pode estar sujeita a uma suspeição", explicou ainda. "Não podem ficar dúvidas", rematou.
Recorde-se que, de acordo com uma reportagem da TVI, o Presidente da República poderá ter tido influência no tratamento de duas bebés luso-brasileiras com atrofia muscular espinhal, no Hospital de Santa Maria. As meninas já estariam a ser tratadas no Brasil mas, apesar da contestação dos médicos, foram admitidas em solo português, em 2019, para receber um tratamento na ordem dos quatro milhões euros, também administrado à bebé Matilde.
Conforme avançou o programa Exclusivo, o dossier de registo e de inscrição das meninas desapareceu, assim como uma carta entregue de indignação dos médicos, razão pela qual o Hospital de Santa Maria abriu uma auditoria ao caso.
É que, segundo a reportagem, os médicos não queriam receber as gémeas, que estavam a ser submetidas a outro tratamento no Brasil, mas tiveram ordens superiores para o fazer. A voz que corria nos corredores era que tal se devia à influência do Presidente da República.
“Usámos os nossos contactos. Conheci a nora do Presidente, que conhecia o ministro da Saúde, que mandou um e-mail para o hospital”, detalhou a mãe das meninas, Daniela Martins, na reportagem.
Filha de pai português, a mulher naturalizou, também, as bebés, abrindo a porta para viagem até Portugal.
Tanto o filho de Marcelo, Nuno Rebelo de Sousa, como o Presidente da República negaram estar associados ao caso.
Questionado quanto à possibilidade de a nora ou de o filho lhe terem falado sobre o caso, Marcelo apontou que, “francamente”, não se recordava.
[Notícia atualizada às 13h34]
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