Num breve comunicado, publicado na sua página oficial na Internet, o município, de maioria socialista, confirmou que, na terça-feira, "foram realizadas diligências judiciais" na sequência da investigação em curso sobre os projetos de lítio, de hidrogénio verde e da construção de um centro de dados.
"O vice-presidente da Câmara Municipal de Sines confirma que (...) foram realizadas diligências nesta autarquia pelas autoridades judiciais competentes", lê-se na nota.
No comunicado, a autarquia referiu que "se mantém colaborante com a investigação".
Contactado hoje pela agência Lusa, o vice-presidente, Fernando Ramos, explicou que as diligências de busca no edifício principal da câmara "decorreram até às 20:30" de terça-feira, tendo abrangido ainda outros serviços da autarquia.
"As diligências foram sempre acompanhadas pelo presidente Nuno Mascarenhas", detido no âmbito da operação, "e com o apoio de todos os serviços solicitados", argumentou.
De acordo com Fernando Ramos, "a câmara esteve encerrada ao longo do dia", mas voltou hoje "à normalidade e ao seu regular funcionamento".
Questionado pela Lusa, o vice-presidente não quis comentar a investigação judicial em concreto, que implicou a detenção do autarca e de mais quatro pessoas e a constituição de dois arguidos, tendo também levado à demissão do primeiro-ministro, António Costa.
Os outros quatro arguidos são o chefe de gabinete do primeiro-ministro, Vítor Escária, dois administradores da sociedade Start Campus, promotora de um centro de dados em Sines, e o consultor e advogado Diogo Lacerda Machado.
O Ministério Público (MP) constituiu ainda como arguidos o ministro das Infraestruturas João Galamba e o presidente do Conselho Diretivo da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), Nuno Lacasta.
Esta investigação levou ao pedido de demissão do primeiro-ministro, na terça-feira, após o MP revelar que António Costa é alvo de investigação autónoma do Supremo Tribunal de Justiça sobre este assunto.
O Presidente da República convocou para hoje os partidos para uma ronda de audiências no Palácio de Belém, em Lisboa, e vai reunir o Conselho de Estado na quinta-feira.
Numa declaração no Palácio de São Bento, Costa recusou a prática "de qualquer ato ilícito ou censurável" e manifestou total disponibilidade para colaborar com a justiça "em tudo o que entenda necessário".
Segundo o semanário Expresso, citando informação constante dos autos de buscas da operação, noticiou hoje que o advogado Diogo Lacerda Machado foi contratado pela Start Campus para "aproveitar a sua relação de amizade com o primeiro-ministro" e a "proximidade" com Vítor Escária.
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