BE defende que MP deve esclarecer razões para inquérito a Costa
A coordenadora do BE defendeu hoje que o Ministério Público deve esclarecer as razões para a abertura de um inquérito a António Costa, apelando a que a investigação seja célere, e voltou a pedir a convocação de eleições antecipadas.
© Lusa
País Governo/Demissão
"Pela gravidade das suspeitas, é importante que o Ministério Público (MP) esclareça as razões que levaram à abertura deste inquérito, bem como à sua divulgação, e que a investigação que houver se faça da forma mais célere possível", declarou Mariana Mortágua.
A coordenadora do BE falava em declarações aos jornalistas no Palácio do Belém, onde o Presidente da República está hoje a ouvir os oito partidos com assento parlamentar para uma eventual dissolução do parlamento, após a demissão na terça-feira do primeiro-ministro.
Mariana Mortágua sublinhou que as investigações judiciais "dizem respeito a grandes projetos económicos" e indicou que o BE "tem sido muito crítico destes projetos económicos politicamente, mas também da proximidade que sempre existiu entre política e interesses económicos".
"Por isso, levamos muito a sério as investigações que têm de ser feitas, e o que houver para investigar, deve ser investigado, seja quais forem as consequências. É isso que se espera de uma democracia", sublinhou.
No entanto, a coordenadora do BE manifestou uma "grande preocupação" com as suspeitas levantadas pelo MP e considerou importante que, "para o bom funcionamento da democracia", toda a situação "seja clarificada", tendo em conta que diz respeito a uma "alta figura do Estado".
Abordando os possíveis cenários após a demissão de António Costa, a coordenadora do BE reiterou a sua preferência "pela convocação de eleições antecipadas", defendendo que crises políticas como a atual só se resolvem indo a votos.
"Qualquer outra alternativa significa arrastar uma situação que é insustentável e que não trará nenhuma clarificação, nem nada de bom para aquilo que importa para o país, que são soluções concretas", defendeu.
Interrogada se acha que o Orçamento do Estado deve ser concluído antes de se convocarem eleições, Mariana Mortágua respondeu que o "critério mais importante é resolver rapidamente a crise política" e disse não ser "segredo para ninguém que o BE já anunciou o voto contra o Orçamento".
"Entendemos que ele não traz soluções, nem para as pessoas que vão às urgências e não encontram uma resposta, nem para os profissionais de educação, nem para as pessoas que não têm professores para os seus filhos, nem para a perda de poder compra acelerada", disse, acrescentando que essa é uma "discussão política" e o importante agora é resolver a atual crise política.
Questionada se o BE está disponível para uma nova geringonça, a líder bloquista disse querer deixar "esse debate político para outro momento", salientando que a atual crise política "é séria" e "preocupa as pessoas".
"Se me perguntar qual é a solução que importa para a vida das pessoas, é o que é que vamos fazer com o SNS e com os seus profissionais que estão a sair, com as escolas que não têm professores e com as pessoas que não têm uma casa para morar. (...) Essas serão sempre as soluções pelas quais vamos lutar em eleições", indicou.
O Presidente da República está hoje a ouvir os oito partidos com assento parlamentar, antes de ouvir na quinta-feira o Conselho de Estado, para uma eventual dissolução do parlamento.
O primeiro-ministro, António Costa, apresentou na terça-feira a sua demissão ao Presidente da República, que a aceitou, após o Ministério Público revelar que é alvo de investigação autónoma do Supremo Tribunal de Justiça sobre projetos de lítio e hidrogénio.
Numa declaração no Palácio de São Bento, António Costa recusou a prática "de qualquer ato ilícito ou censurável" e manifestou total disponibilidade para colaborar com a justiça "em tudo o que entenda necessário".
[Notícia atualizada às 15h19]
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