O projeto "Solução Patudo", que junta também a delegação de Sintra da Cruz Vermelha Portuguesa (CVP) e a Associação Cães Pelas Pessoas (DTC Social), de Vila do Conde, tem como objetivo "combater o isolamento social e a solidão dos seniores, reduzindo níveis de ansiedade e de sedentarismo e, ao mesmo tempo, fomentando a interação com a comunidade".
Além dos benefícios conhecidos da interação entre pessoas e animais, o projeto visa também "promover a adoção animal contribuindo para a retirada de animais abandonados que se encontram acolhidos no Centro de Recolha Oficial de Animais de Sintra [CROAS]", lê-se numa nota da autarquia.
A seleção dos beneficiários da iniciativa será articulada entre as entidades envolvidas no projeto, cabendo à delegação da CVP a sinalização dos interessados, enquanto a seleção dos animais caberá ao Sítio dos Animais de Sintra/CROAS.
"Sintra continua a implementar medidas que fomentem um envelhecimento ativo e inclusivo. A presença de um animal de companhia torna a vida dos seniores menos solitária e melhora a sua qualidade de vida", afirmou, citado na nota, o presidente da autarquia, Basílio Horta (PS).
Haverá uma capacitação prévia dos participantes, um teste de compatibilidade e avaliação e monitorização periódica com a supervisão de uma equipa técnica especializada.
Na proposta aprovada pelo executivo municipal, a que a Lusa teve acesso, considera-se que os seniores constituem "um dos grupos populacionais com maior risco de exclusão social", sendo necessário "promover a melhoria da sua qualidade de vida e o seu envelhecimento ativo, saudável e inclusivo", principalmente quando estão "em situação de isolamento social".
"Residem atualmente no concelho de Sintra perto de 69 mil seniores, representando 17,9% da população total, dos quais mais de 29 mil vivem sozinhos, sendo que, muitos destes, não têm qualquer apoio de retaguarda vivendo em situação de solidão e isolamento social", é referido na proposta do vereador da Solidariedade e Inovação Social, Eduardo Quinta Nova.
Sublinhando que o combate ao isolamento social pode ser promovido através do reforço de redes de proximidade e estímulo à participação na sociedade, no documento é salientado, todavia, que diversos estudos demonstram "que a presença de um animal de companhia ajuda a prevenir e a combater problemas de saúde, designadamente do foro mental, e ajuda a promover a interação com outros membros da comunidade".
Nesse sentido, a minuta do protocolo entre o município e as duas organizações estipula que os participantes no projeto serão sinalizados pela delegação da CVP e posteriormente acompanhados pela DTC Social, no âmbito da intervenção com idosos e cuidador de animais.
Ao município competirá sinalizar os animais, assegurando a esterilização, identificação eletrónica e plano de vacinação e desparasitação, cabendo à associação a captação de fundos para a iniciativa, acompanhamento da retirada ou realocação de animais, e validar o impacto da presença do animal na vida dos beneficiários.
Os seniores, num termo de compromisso, ficarão responsáveis por assegurar "cuidados diários com o animal" e regras de bem-estar e de tratamento adequado dos animais.
Entre os critérios de seleção, os beneficiários terão mais de 60 anos, não podem ter fobias a animais (cão ou gato), problemas de saúde incompatíveis com a convivência diária com animal ou histórico de violência e maus-tratos de animais de companhia.
Fonte oficial da autarquia adiantou que o projeto-piloto começa com cinco idosos nesta condição de solidão identificados pela CVP e o limite será "o número de animais disponíveis para acolhimento".
A autarquia notou que promove, através do Sítio dos Animais de Sintra, a recolha de animais errantes, abandonados, agressores e agredidos e animais vítimas de maus-tratos, para posterior tratamento e esterilização e adoção.
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