"A greve está a ser significativa, com lojas a funcionar a meio gás, com secções fechadas, mas números em concreto para nós é sempre difícil [avançar], são milhares de lojas no país para ter essa dimensão", disse à Lusa a presidente da direção nacional do CESP, Filipa Costa.
A dirigente sindical denunciou ainda casos em que o direito à greve está a ser violado por parte das empresas, com substituição de trabalhadores que aderiram ao protesto, para manter as lojas em funcionamento, lamentando ainda a atuação da Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT), que "demora muito tempo" a responder a estas situações.
"Muitos supermercados, muitas lojas, seja empresas de distribuição ou no comércio em geral, estão a funcionar com mínimos e as chefias a garantir a abertura da loja", assegurou o CESP, que vai atualizar ao longo do dia na sua página na internet e redes sociais as lojas com trabalhadores em greve e a funcionar apenas com chefias e em mínimos.
Os trabalhadores das empresas de distribuição estão hoje em greve, numa ação de protesto convocada pelo CESP, para reivindicar o aumento dos salários, a valorização das carreiras e a revisão do contrato coletivo de trabalho que, segundo a estrutura sindical, não é revisto desde 2016.
"Não aceitamos que num mesmo setor convivam lucros milionários para as empresas e salários muito próximos do salário mínimo nacional, quer entrem hoje, quer trabalhem no mesmo local há décadas, para os trabalhadores", vincou, em outubro, o CESP.
O sindicato argumenta que as empresas portuguesas "gastam apenas 15,2% dos seus custos totais nos salários", em média, sendo que no setor do comércio esta percentagem recua para 9%.
"Os salários dos trabalhadores das empresas de distribuição perdem valor todos os anos. Se o salário dos operadores especializados tivesse sido atualizado na mesma proporção das subidas do salário mínimo nacional nos últimos 15 anos, um operador de supermercado em topo de carreira estaria a ganhar 1.042,83 euros", refere o CESP.
O sindicato da esfera da CGTP constata, ainda, que o salário mínimo nacional "já ultrapassou os valores do topo" da última tabela negociada com a Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição (APED), em 2016.
A Lusa contactou hoje a APED para obter dados sobre a greve, aguardando ainda resposta.
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