"Nunca tive qualquer contacto com Lacerda Machado", esclarece Costa Silva

O ministro da Economia e do Mar assegurou que "nada" aconteceu estando, por isso, "de consciência absolutamente tranquila".

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© Piaras Ó Mídheach/Sportsfile for Web Summit via Getty Images

Daniela Filipe
13/11/2023 20:08 ‧ 13/11/2023 por Daniela Filipe

Economia

Crise política

O ministro da Economia e do Mar, António Costa Silva, garantiu, esta segunda-feira, que "nunca" teve qualquer contacto com o advogado Diogo Lacerda Machado ao longo dos 20 meses em que é governante. Ressalvou, também, não ter sido contactado pelo Ministério Público (MP), além de estar "de consciência absolutamente tranquila".

"Estou há 20 meses no Governo e nunca tive qualquer contacto com Diogo Lacerda Machado, nem ele comigo. Resumindo, claramente, o que aconteceu foi isto: nada", disse, em declarações aos jornalistas, após o discurso de abertura da Web Summit 2023.

Escusando-se a tecer comentários sobre a alegada troca do seu nome com o do primeiro-ministro, António Costa, nas escutas a que o MP teve acesso, o governante apontou ter-se tratado de "um erro factual", equacionando que "todos nós somos imperfeitos". Costa Silva ressalvou, ainda assim, que não foi contactado pelo MP, e que está "de consciência absolutamente tranquila".

"O meu nome foi implicado numa escuta aparentemente de Diogo Lacerda Machado, que disse que me contactaria. Nunca contactou. [...] É uma mão cheia de nada", reiterou, dizendo que não apresentará a sua demissão.

E complementou: "Tenho 70 anos de vida, tenho uma carreira ao longo da vida toda, e ela fala por si. É só isso que tenho a dizer."

O responsável sublinhou ainda que "num Estado de Direito ninguém está acima da lei", pelo que "se houver suspeições ou indícios sobre quem quer que seja, devem ser totalmente investigados".

"Não podemos compactuar com a corrupção. A corrupção mina a democracia, distorce o mercado, envenena a vida pública, e é intolerável. Tudo aquilo que possa ser feito para combater, tem de ser combatido. A única coisa que tenho a comentar e que me deixa muito triste é que o nome do senhor primeiro-ministro tenha sido envolvido nisto tudo. O senhor primeiro-ministro, de tudo o que conheço, é uma pessoa de integridade absoluta. Tem mais de 30 anos de serviço à causa pública neste país. Nunca esteve minimamente envolvido no que quer que seja", lamentou, apelando a uma investigação célere que "conduza a uma conclusão".

E salientou: "Recordo que as pessoas têm presunção de inocência e não podemos aceitar um sistema que julga as pessoas na praça pública."

Quanto à demissão do ministro das Infraestruturas, João Galamba, e do secretário de Estado da Economia, Pedro Cilínio, o socialista considerou que "todos temos o direito a escolher a nossa vida e a prosseguir o nosso caminho", lembrando que "este Governo está em fim de funções". A demissão de Cilínio foi, assim, "a pedido do próprio e não tem nada a ver com estes processos".

"Acredito que temos uma democracia estável. Estas situações não são benéficas, [mas] não temos nenhum sinal de que o investimento estrangeiro vá sofrer. Estou preocupado sobretudo com o futuro do país e o desempenho da economia", para que "todos os ganhos dos últimos anos não sejam perdidos".

Face aos acontecimentos da passada terça-feira, na qual o primeiro-ministro apresentou a sua demissão, que foi aceite, depois de o Ministério Público ter revelado que é alvo de uma investigação autónoma do Supremo Tribunal de Justiça sobre projetos de lítio e hidrogénio, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, optou por dissolver a Assembleia da República e convocar novas eleições, que acontecerão a 10 de março de 2024.

Naquela manhã, as buscas da Polícia de Segurança Pública (PSP) e do Ministério Público culminaram com a detenção de cinco pessoas - entretanto libertadas -, incluindo o chefe de gabinete do primeiro-ministro, Vítor Escária. Já o ministro das Infraestruturas, João Galamba, foi constituído arguido.

Por seu turno, António Costa recusou a prática "de qualquer ato ilícito ou censurável" e manifestou total disponibilidade para colaborar com a justiça "em tudo o que entenda necessário", numa declaração a partir do Palácio de São Bento.

[Notícia atualizada às 20h38]

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