Médicos em greve exigem em Lisboa retoma das negociações com o Governo

Dezenas de médicos em greve concentraram-se hoje em frente ao Hospital Santa Maria, em Lisboa, para exigir nova reunião com o Governo, lembrando que continua em funções e com autoridade para resolver os problemas do SNS.

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Lusa
14/11/2023 11:47 ‧ 14/11/2023 por Lusa

País

Saúde

"Estamos à espera que o Governo nos receba para a semana", afirmou João Proença, vice-presidente da Federação Nacional dos Médicos (FNAM), a estrutura sindical que convocou a paralisação nacional e várias concentrações locais, como a que está a decorrer junto ao Hospital Santa Maria, em Lisboa.

"O objetivo desta concentração e desta greve é chamar a atenção para a desgraça em que vivemos", disse João Proença, contando que os médicos exigem o retomar das negociações e a marcação de uma nova reunião negocial com o ministro da Saúde, Manuel Pizarro.

Para o vice-presidente da FNAM, "é importante que para a semana haja um acordo mínimo, transversal para que se consiga obter uma resposta clara", nomeadamente no que diz respeito "à carreira médica" e "à qualidade dos serviços públicos prestados à população".

A redução dos horários de trabalho e o aumento dos salários são algumas das reivindicações que garantem não abdicar, pedindo ao executivo uma nova reunião, depois de 18 meses de negociações sem acordo.

Lais Lopes, de 31 anos, foi hoje um dos rostos do descontentamento que vivem os médicos mais jovens. Junto ao Hospital Santa Maria, a jovem médica do centro de saúde de Cascais que está a terminar o internato recebe de ordenado "1400 euros limpos", contou à Lusa.

"Não consigo alugar uma casa, tenho de continuar a viver em casa dos meus pais", desabafou a médica, acrescentando que "além disso, aumentaram-se a lista de utentes".

Para Lais Lopes é preciso continuar a lutar por melhores salários e carreiras mesmo durante a atual crise politica com um governo de gestão e nesta luta os médicos contaram com a presença dos líderes do PCP e Bloco de Esquerda.

O secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, considerou "inadmissível" a decisão do Ministério da Saúde em suspender unilateralmente as negociações.

"As consultas não esperam. É preciso resolver o problema hoje", alertou Paulo Raimundo, defendendo que "o Governo está em plenas funções e plenos direitos e, se quiser, reúne-se hoje com os médicos para resolver os problemas".

No mesmo sentido, a coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, esteve a apoiar a luta dos profissionais de saúde, lamentando os últimos 18 meses em que o Governo andou a "enrolar nas negociações tentando levar os médicos ao desespero".

"O que o Governo está a pedir a estes médicos não se pede a ninguém", afirmou, defendendo que o Governo tem agora dois meses para pôr o SNS a funcionar e que a solução "está à vista" e resume-se ao que os profissionais de saúde têm pedido nas reuniões negociais.

Também Isabel Camarinha, secretária-geral da CGTP, esteve presente junto ao Santa Maria, defendendo que o Governo "está em plenas funções" e "tem todas as condições para poder decidir".

"O SNS não pode ficar à espera vários meses até às eleições e um novo Governo", alertou Isabel Camarinha, apelando a alterações da proposta de Orçamento do Estado que está em discussão no parlamento.

Lais Lopes era hoje apenas uma entre dezenas de manifestantes, que protestaram frente ao hospital por aumentos salariais e respeito exibindo cartazes e faixas defendendo que "é preciso cuidar de quem cuida".

Além de Lisboa, a FNAM também promoveu concentrações no Porto e em Coimbra junto aos principais hospitais, não tendo até meio da manhã um balanço do impacto da greve.

Leia Também: Porto. Médicos em protesto exigem regresso às negociações para salvar SNS

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