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Detidas três ativistas climáticas na Faculdade de Psicologia de Lisboa

Ativistas dizem ter sido detidas "durante uma palestra". PSP diz que incorreram em "desobediência", ao não acatar ordens para abandonar o local. Ao longo desta semana, elementos do movimento Greve Climática Estudantil têm pernoitado em várias faculdades, manifestando-se pelo fim do uso de combustíveis fósseis.

Detidas três ativistas climáticas na Faculdade de Psicologia de Lisboa
Notícias ao Minuto

17:23 - 15/11/23 por Notícias ao Minuto com Lusa

País ativistas climaticos

A Polícia de Segurança Pública (PSP) deteve, esta quarta-feira, na Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa (FPUL), três jovens ativistas, numa semana em que elementos do movimento Greve Climática Estudantil têm pernoitado em várias faculdades.

Conforme o Notícias ao Minuto apurou junto da PSP, a ocorrência deu-se, inicialmente, quando um grupo de 15 pessoas foi alertado para o crime de introdução em local vedado ao público em que estariam a incorrer, ordenando que abandonassem o local.

Dessas 15 pessoas, três jovens não acataram as ordens, pelo que acabaram detidas pelo crime de desobediência.

O movimento Greve Climática Estudantil enviou, esta quarta-feira, um comunicado às redações a dar conta do acontecimento, dizendo que a polícia realizou as detenções "durante uma palestra sobre ação climática que quase 80 estudantes estavam a assistir".

"Duas estudantes foram detidas por estar a dar a palestra. A outra estava apenas a assistir", explica o movimento, referindo que as detidas foram "arrastadas" até "várias carrinhas da polícia à porta da faculdade",  enquanto "quem assistia entoava o cântico: 'Que vergonha deve ser, deter estudantes num mundo a arder!'".

"Nesta semana está-se a normalizar uma repressão da luta estudantil de uma dimensão que não se via há décadas. Como é possível estudantes que apenas estão a tentar lutar pelo seu futuro serem detidas? Este é um precedente assustador no que toca à repressão da liberdade de expressão e direito à manifestação", diz André Matias, porta-voz do núcleo pelo Fim ao Fóssil da FPUL, citado no comunicado.

O movimento Greve Climática Estudantil afirma ainda que "os estudantes estão desde segunda-feira a fazer ações nas escolas para reivindicar o fim aos combustíveis fósseis até 2030 e eletricidade 100% renovável e acessível até 2025, de modo a garantir que este é o último inverno em que gás fóssil é utilizado para produzir eletricidade em Portugal".

Foi ainda convocada uma "vigília de solidariedade" frente à esquadra da PSP do Campo Grande.

Os ativistas do grupo Greve Climática Estudantil levaram a cabo, nesta quarta-feira, o terceiro dia consecutivo de "ações pelo fim ao fóssil", que incluíram ações de protesto em diferentes faculdades lisboetas. Na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, por exemplo, foram detidos, durante a madrugada de terça-feira, seis estudantes, que se recusaram a abandonar o local.

A própria FPUL foi também palco de um momento de tensão na segunda-feira, quando a PSP foi chamada para impedir uma palestra sobre a ciência climática, conforme acusou a Greve Climática Lisboa em comunicado.

"O diretor da faculdade de Psicologia disse-nos que não iria permitir qualquer conversa política organizada por nós na faculdade, pois as faculdades servem apenas para estudar, não podem ser espaços de protesto ou manifestações políticas. Gostava de saber o que ele diria durante a crise académica ou o maio de 68", afirmou a porta-voz do núcleo da FPUL, Teresa Cintra.

Catarina Bio, da Greve Climática Estudantil, disse à Lusa que o diretor da Faculdade avisou os estudantes de que não seriam permitidas conversas políticas, pelo que as duas estudantes que estavam a falar estavam cientes do que poderia acontecer. A terceira estudante foi detida por estar a filmar, disse.

Bio disse que a polícia "utilizou técnicas de tortura" para tirar os estudantes da FCSH, como pressionar os olhos, torcer os pulsos, arrastar pelo cabelo ou pressionar contra a parede. À saída da faculdade um carro da polícia chocou com um carro civil e um dos jovens que ia no veiculo, com as mãos algemadas atrás das costas, teve de ser hospitalizado, segundo a fonte, que lamentou que a polícia não tivesse feito "o que devia", que no caso era se a pessoa ia algemada as mãos deviam estar na frente.

Os jovens, disse, admitem apresentar uma queixa contra a PSP.

[Notícia atualizada às 18h16]

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