Gomes Cravinho diz que trégua em Israel é "passo muitíssimo importante"

O ministro dos Negócios Estrangeiros (MNE) português considerou hoje "um passo muitíssimo importante" e "uma oportunidade" para abrir caminho para o diálogo o acordo entre Israel e o grupo islamita palestiniano Hamas para a troca de reféns e prisioneiros.

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© Thierry Monasse/Getty Images

Lusa
22/11/2023 18:38 ‧ 22/11/2023 por Lusa

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um passo muitíssimo importante. Em primeiro lugar, porque implica a libertação de reféns [israelitas] que nunca deveriam ser reféns e fazemos um apelo para que todos os outros reféns sejam também libertados. E também porque cria uma oportunidade de cessar-fogo temporário, mas que gostaríamos de ver evoluir para um cessar-fogo permanente", disse João Gomes Cravinho, em declarações à comunicação social portuguesa, incluindo à Lusa, em Madrid.

O ministro acrescentou que "enquanto chovem as bombas é muito difícil haver progresso no sentido de um diálogo" e o acordo de hoje "é um primeiro momento sobre o qual se precisa agora construir para que haja condições para um diálogo".

Israel e o Hamas chegaram hoje de madrugada a um acordo sobre a libertação de reféns detidos na Faixa de Gaza em troca de prisioneiros palestinianos, e que também prevê uma "pausa humanitária".

O objetivo é permitir a entrada de mais ajuda humanitária e de emergência, no contexto do cerco total que o enclave palestiniano enfrenta, sem abastecimento de água, eletricidade e combustível.

João Gomes Cravinho falou sobre este acordo em Madrid, em declarações a jornalistas no final de uma reunião dos titulares da pasta dos Negócios Estrangeiros do grupo dos nove países do sul da União Europeia (UE), conhecido como MED9.

Segundo o ministro português, o conflito entre Israel e o Hamas, um grupo considerado terrorista pela UE e pelos Estados Unidos, esteve no centro da agenda deste encontro e houve "satisfação em relação à notícia de hoje sobre a libertação de reféns e um cessar-fogo temporário humanitário".

O encontro dos ministros do MED9 serviu também para preparar a conferência anual da União pelo Mediterrâneo, na próxima semana, em Barcelona, disse Gomes Cravinho, que realçou que se trata de um fórum em que têm assento os países da UE, a Comissão Europeia, países árabes e Israel.

Em Madrid houve hoje "também um consenso em torno da necessidade de aproveitar este momento para criar uma dinâmica no sentido do eventual reconhecimento dos dois Estados", israelita e palestiniano, acrescentou.

Para o chefe da diplomacia portuguesa, por causa do ataque do Hamas a Israel em 07 de outubro há agora "uma diferença fundamental" em relação ao passado e, "às vezes, das tragédias nascem razões para haver esperança".

"Aquilo que se passou a 07 de outubro foi o reconhecimento de que não podemos continuar a ignorar este problema, que já tem muitas décadas e que vai continuar a existir se não soubermos encontrar uma solução justa e a contento de ambas as partes. E, portanto, criou-se aqui uma dinâmica completamente nova, pelo menos a nível da consciência. Agora precisamos de traduzir essa dinâmica a nível da consciência para uma dinâmica prática na mesa das negociações diplomáticas", defendeu Gomes Cravinho, que reconheceu que estão em causa "negociações extremamente complexas".

O ministro sublinhou que há na UE um consenso em relação "à convicção" do direito de defesa de Israel, ao apelo à libertação dos reféns israelitas e à condenação do terrorismo do Hamas, assim como em relação ao "apelo à necessidade de proteger a população de Gaza e de criar condições de vida dignas para os palestinianos, que serão dentro de uma solução dos dois Estados".

O ministro reiterou que "o reconhecimento isolado", por parte de Portugal, do Estado palestiniano, seria inconsequente e defendeu que faz "muito mais sentido" se for feito "em conjunto com outros países, num momento escolhido para ter impacto, para ter significado e consequência no quadro da criação da solução de dois Estados".

A 07 de outubro, o Hamas, que está desde 2007 no poder na Faixa de Gaza, fez um ataque em território de Israel de dimensões sem precedentes, fazendo 1.200 mortos, na maioria civis, cerca de 5.000 feridos e mais de 200 reféns.

Em retaliação, Israel declarou uma guerra para "erradicar" o Hamas, com bombardeamentos diários à Faixa de Gaza.

A guerra entre Israel e o Hamas, que hoje entrou no 47.º dia, fez até agora em Gaza mais de 14 mil mortos, na maioria civis, e mais de 33.000 feridos, de acordo com o mais recente balanço das autoridades locais, e 1,7 milhões de deslocados, segundo a ONU.

Leia Também: Tentativa de retirar portugueses de Gaza começou ainda em outubro

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