Libertação de reféns? "Não sabemos se haverá algum português contemplado"
O Governo português disse hoje desconhecer se há algum cidadão português entre os 50 reféns do grupo islamita palestiniano Hamas que deverão ser libertados no âmbito da trégua de quatro dias acordada com Israel.
© Getty Images
País Israel/Palestina
"Temos vários reféns que têm nacionalidade portuguesa. (...) Queremos a libertação incondicional de todos os reféns, mas é evidente que nos interessamos muito em particular por aqueles que têm nacionalidade portuguesa. Cada caso é um caso, cada um tem especificidades diferentes, mas interessamo-nos por todos. Estamos a interceder também junto da Cruz Vermelha e vamos trabalhar com autoridades de outros países que possam ter alguma influência para que sejam libertados estes reféns cidadãos portugueses e também todos os outros", afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, após um encontro com familiares de reféns, em Telavive, o último ponto da sua visita a Israel.
"Sabemos que há um conjunto de critérios que foram estabelecidos e não sabemos se haverá algum cidadão português contemplado dentro destes 50. Temos expectativas que todos os portugueses sejam libertados, mas naturalmente que, olhando para as características identificadas, só haverá eventualmente uma pessoa que pode vir a ser libertada durante os próximos dias. Não temos ainda nenhuma garantia quanto a isso", acrescentou.
Segundo o acordado entre o Hamas e Israel, será dada prioridade a mulheres e menores na libertação de reféns.
O ministro português destacou a "enorme coragem" dos familiares de reféns, alguns dos quais também vivem um período de luto por terem tido familiares mortos.
"Disse-lhes que tudo faríamos, naturalmente, para promover a libertação desses reféns", salientou.
Sobre a sua deslocação a Israel, que fez em conjunto com a homóloga eslovena, Tanja Fajon, Gomes Cravinho referiu que a conversa que manteve esta manhã com o ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Eli Cohen, "foi uma conversa entre amigos", acrescentando: "E é entre amigos que se devem dizer, às vezes, verdades duras e difíceis".
"Tivemos uma conversa, que diria muito franca, com o ministro israelita, a quem expressei condolências, solidariedade, mas também profunda preocupação em relação à atitude em relação a Gaza e ao número de mortos e a violência em Gaza. Portanto, tivemos pontos de convergência e pontos de divergência, mas sublinhei a importância que atribuímos a que se encontre um caminho para a paz, e que a utilização de meios violentos não é o melhor caminho", referiu o chefe da diplomacia portuguesa.
João Gomes Cravinho teve também "uma reunião muito útil" com o Presidente israelita, Isaac Herzog, que permitiu "pensar sobre o futuro".
"Pensando sobre qual pode ser a natureza de Gaza daqui a um ano, por exemplo, pensando sobre que papel pode haver para uma intervenção internacional. O caminho não é fácil, mas foi extremamente interessante começar a identificar alguns dos elementos para que se utilize esta situação trágica para projetar uma dinâmica de paz", afirmou.
Depois da deslocação a Israel, que incluiu também uma visita ao 'kibbutz' de Sfar Aza, no sul do país, uma das comunidades atacadas pelo Hamas em 07 de outubro, os ministros português e eslovena seguem para a Cisjordânia, onde se encontrarão com o homólogo palestiniano, Riyad al-Maliki, e com o primeiro-ministro, Mohammad Shtayyeh.
A trégua de quatro dias entrou em vigor às 07:00 de hoje (05:00 em Lisboa) após mais de um mês e meio de guerra, como parte de um acordo para libertar 50 reféns em troca de 150 prisioneiros palestinianos.
A guerra eclodiu quando membros do Hamas invadiram o sul de Israel, matando pelo menos 1.200 pessoas, na maioria civis, e fazendo reféns, incluindo bebés, mulheres e idosos, bem como soldados.
Os bombardeamentos israelitas em Gaza, agora na sétima semana, fizeram até agora neste enclave palestiniano pobre cerca de 15.000 mortos, na maioria civis, e 33.000 feridos, de acordo com o mais recente balanço das autoridades locais, e 1,7 milhões de deslocados, segundo a ONU.
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