Cravinho desvaloriza ameaça húngara de bloquear apoio à Ucrânia

O ministro dos Negócios Estrangeiros desvalorizou hoje a ameaça da Hungria de bloquear um pacote de 50 mil milhões de euros para a Ucrânia e recordou que desde fevereiro de 2022 Budapeste aprovou todos os pacotes de sanções.

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Lusa
28/11/2023 14:02 ‧ 28/11/2023 por Lusa

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João Gomes Cravinho

"Entre 27 países, está a falar agora da União Europeia (UE), há 27 pontos de vista, mas tem sido sempre possível encontrar um caminho comum. Em relação à Hungria, que tem vindo desde fevereiro de 2022 a ser apontado como um país mais próximo da Rússia, mas fez parte da unanimidade de Estados-membros que aprovaram 11 pacotes de sanções", sustentou João Gomes Cravinho, em declarações aos jornalistas.

À entrada para uma reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), no quartel-general do bloco político-militar, em Bruxelas, o governante defendeu até hoje foi possível encontrar uma "posição consensual".

"Não acredito que seja diferente desta vez", insistiu, reconhecendo, no enanto, que Budapeste "não ficará inteiramente satisfeita", mas "no final do dia vai aceitar".

Na segunda-feira, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, viajou para Budapeste para encontrar-se com o primeiro-ministro húngaro, depois de uma carta enviada por Viktor Orbán ter feito soar os alarmes da unidade europeia no apoio a Kiev.

Orbán, desde o princípio visto com um cético nesta matéria e que foi também o primeiro líder europeu a encontrar-se com Vladimir Putin desde 24 de fevereiro de 2022, pediu uma "discussão franca e aberta sobre a viabilidade dos objetivos estratégicos da UE na Ucrânia".

"O Conselho Europeu deve fazer um balanço da implementação e da eficácia das nossas políticas atuais em relação à Ucrânia, incluindo vários programas de assistência", escreveu na missiva o primeiro-ministro húngaro, aquele que é o chefe de Governo com maior longevidade no lugar entre os líderes europeus.

Charles Michel visitou a Ucrânia na terça-feira, ocasião na qual disse à comitiva de jornalistas que o acompanhou, incluindo a Lusa, que irá "trabalhar arduamente" junto dos líderes da UE para um aval em dezembro às negociações formais com a Ucrânia para alargamento, sem prometer resultado positivo pelas "dificuldades políticas".

Fontes europeias indicaram à Lusa que nesta visita, Charles Michel abordou "a questão húngara" com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, para Kiev "estar lúcido" quanto às barreiras nas negociações do Conselho Europeu de dezembro.

Nas duas últimas cimeiras, a Hungria bloqueou conclusões sobre as novas regras migratórias e tem vindo a dizer que o pode voltar a fazer sobre as decisões em cima da mesa na cimeira de dezembro.

No Conselho Europeu de dezembro será também discutida a revisão do orçamento da UE a longo prazo, que prevê uma reserva financeira para apoiar a reconstrução da Ucrânia de 50 mil milhões de euros.

O objetivo é que tal mecanismo para Kiev seja aprovado no âmbito da revisão intercalar do Quadro Financeiro Plurianual 2024-2027, mas numa altura em que a UE já avançou com 16,5 mil milhões de euros de assistência macrofinanceira à Ucrânia um plano B seria reforçar este último programa.

Leia Também: Ucrânia? Guerra no Médio Oriente não vai fazer com que haja "distrações"

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