"Este ano vai ter de haver uma atualização do tarifário relativamente àquilo que era o tarifário que já vinha sendo aplicado desde 2015, onde não tínhamos feito qualquer tipo de alteração", afirmou à agência Lusa o vereador da Câmara de Leiria com o pelouro dos SMAS, Ricardo Santos.
Segundo o autarca, face àquilo que é a "recomendação da própria entidade reguladora [dos Serviços de Águas e Resíduos], em que refere que, de cinco em cinco anos, convém haver alguma atualização do tarifário, passados oito anos e, em função também do valor da inflação", os SMAS terão de fazer essa atualização.
"O impacto é pouco significativo para as famílias. Falando num consumo médio por família de cerca de 10 metros cúbicos, há um aumento de 80 cêntimos por mês", observou, explicando que este é o aumento que vai ser feito "acompanhando o valor da inflação de 3,3%".
Ricardo Santos (PS) explicou que com esta decisão os SMAS estão "a acompanhar aquilo que também está a ser feito pelas outras entidades gestoras, quer as da baixa, quer as entidades gestoras em alta", assinalando que "há um aumento também de 3,3% do fornecimento da água em alta e também do tratamento dos efluentes".
O tarifário de abastecimento de água e saneamento de águas residuais e tarifário de serviços auxiliares para 2024 dos SMAS de Leiria foi hoje aprovado, pela maioria socialista, em reunião de Câmara.
Na reunião, o vereador da oposição Daniel Marques (independente eleito pelo PSD) assinalou que a revisão pedida pela entidade reguladora podia ser para cima ou para baixo.
Por outro lado, Daniel Marques destacou que as "famílias já vivem no sufoco" devido ao aumento das taxas de juro e da inflação, considerando que o município "devia dar um sinal", mantendo os preços.
Quanto ao orçamento dos SMAS de Leiria para 2024, este é de cerca de 29,4 milhões de euros, mais 600 mil euros do que o deste ano.
"À semelhança do deste ano, vamos investir mais no próximo ano na rede de abastecimento de água do que na rede de saneamento", disse Ricardo Santos à Lusa, justificando que Leiria tem a "rede de saneamento em baixa praticamente instalada em todo o concelho", faltando apenas "pequenas bolsas".
No próximo ano, a aposta é a "remodelação da rede de águas, contribuindo, de forma muito positiva, para a redução das perdas de água".
"Em 2022, tínhamos valores de 35% de perdas de água. Estamos já a chegar ao final deste ano com um valor próximo dos 31% e isso, de facto, demonstra aquilo que é o nosso investimento", assinalou.
Realçando que a rede do concelho é a "maior do país" (cerca de 1.900 quilómetros), pelo que há "uma enorme dificuldade em conseguir baixar estas perdas de água", o autarca destacou que os SMAS têm apostado, por isso, na telemetria, substituição de contadores, na remodelação das redes de abastecimento de água e nas deteções de fuga.
"Vamos ter de baixar para níveis inferiores a 30%", antecipou, esclarecendo que o processo de deteção de fugas "vai continuar no próximo ano, com uma estimativa de cerca de mil quilómetros de rede que vão ser visualizados", para eventual reparação.
Daniel Marques que, com os outros dois vereadores da oposição, votaram contra o aumento do tarifário e o orçamento dos SMAS, justificou o sentido de voto neste caso com a questão do pessoal (a empresa "tem só 69% do seu quadro de pessoal a laborar"), o aumento do tarifário e o valor do investimento "representar só 25% do orçamento".
No próximo ano, os SMAS deverão abrir concurso para mais 19 funcionários, entre assistentes técnicos, operacionais e técnicos superiores, adiantou Ricardo Santos.
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