De um lado, apresenta-se a eleições o atual presidente do organismo, Manuel Lemos, eleito há 15 anos mas ainda disposto a cumprir o quinto e último mandato possível à frente da instituição. Do outro lado, o atual presidente do secretariado regional de Coimbra e provedor da Santa Casa da Misericórdia de Pampilhosa da Serra, António Sérgio Martins.
Em causa os votos de 388 misericórdias ativas em Portugal, espalhadas de norte a sul e ilhas, que apoiam diariamente cerca de 165 mil pessoas, e que contam com mais de 45 mil trabalhadores diretos, segundo informação disponível no 'site' da UMP.
A lista B, encabeçada por António Sérgio Martins, tem como lema "Devolver a UNIÃO às Misericórdias" e resulta do movimento "Somos Todos Misericórdia", surgido há cerca de um ano e constituído por perto de 40 misericórdias que se uniram para contestar a direção de Manuel Lemos, que acusavam de ser demasiado politizada e sem defender os interesses do setor.
A eleição para o secretariado nacional acontece num momento de "muitas dificuldades" para as instituições do setor social, que lidam com o crescente aumento de pedidos de ajuda, ao mesmo tempo que também elas enfrentam o aumento generalizado do custo de vida, de bens e serviços, desde os bens alimentares ao combustível ou energia, passando pelo salário mínimo nacional, sem que as comparticipações acompanhem.
Os representantes do setor social querem ver o valor das comparticipações pagas pelo Estado a cobrir 50% dos custos, como inicialmente definido no Pacto da Cooperação para a Solidariedade, estando atualmente em curso uma negociação com o ainda governo de António Costa para a atualização dos valores pagos.
O apoio prestado pelas misericórdias assenta, sobretudo, em duas áreas: apoio social e cuidados de saúde, através de "uma vasta rede de equipamentos que asseguram respostas adequadas às comunidades onde estão inseridas", e que abrangem desde respostas para a infância, pessoas com deficiência ou idosos.
A União das Misericórdias Portuguesas nasceu em 1976 "para orientar, coordenar, dinamizar e representar as Santas Casas de Misericórdia, defendendo os seus interesses e organizando serviços de interesse comum".
Tem uma estrutura que integra o secretariado nacional, assembleia geral, conselho nacional, conselho fiscal e secretariados regionais, e os seus estatutos foram revistos em 2014.
De acordo com a informação disponível no 'site' da UMP, o organismo representa as misericórdias em fóruns como o Conselho Económico e Social, o Conselho Nacional para a Economia Social, Comissão Permanente do Setor Solidário, Cooperativa António Sérgio para a Economia Social, Confederação Portuguesa de Economia Social, entre outros.
A primeira misericórdia fundada em Portugal foi a de Lisboa, em 1498, pela rainha D. Leonor, a partir da qual se disseminou uma rede que hoje está espalhada por todo o território nacional. A mais recente é a Santa Casa da Misericórdia de Quarteira, concelho de Loulé, criada em 2023.
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