António Lacerda Sales e Nuno Rebelo de Sousa, filho do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, ter-se-ão reunido à data dos factos no ministério da Saúde, em 2019, altura em que gémeas luso-brasileiras, que foram tratadas, em 2019, com Zolgensma, um medicamento que custa mais de dois milhões de euros, no Hospital de Santa Maria, em Lisboa.
A notícia é avançada pela TVI/ CNN Portugal, que adianta que as reuniões entre ambos terão acontecido quando Lacerda Sales era secretário de Estado da Saúde e enquanto decorria o processo.
Confrontando pela estação televisiva pela existência destas reuniões, Lacerda Sales disse que decorria um "inquérito em sede própria" e recusou confirmar ou desmentir a situação "em praça pública".
"Não quero desmentir, nem confirmar, porque são situações que só em sede própria é que devem ser tratadas", afirmou, referindo-se à Inspeção-Geral das Atividades em Saúde [IGAS] e o DIAP. O ex-governante reforçou que iria respeitar aquilo "que são os poderes e os tempos da justiça".
O caso em questão a ser investigado pelo Ministério Público.
Já hoje, o ex-governante reiterou que não se lembra do que aconteceu na altura deste processo, em 2019. "Obviamente que só poderei e deverei responder em sede própria, e sede própria é o Departamento de Investigação e Ação Penal, é a IGAS e é perante os factos", explicou, quando questionado pelos jornalistas. Lacerda Sales referiu ainda que tinha solicitado a documentação à Inspeção-Geral das Atividades em Saúde, documentação essa que diz necessitar para "poder responder a um conjunto de questões".
"Quando digo não me lembro é porque, genuinamente, não me lembro mesmo. Passaram quatro anos, com uma pandemia pelo meio, onde, como sabem, tivemos um tempo extremamente difícil e, portanto, quando digo que não me lembro é porque, genuinamente, não me lembro mesmo. Preciso de factos e preciso de documentos para poder ter acesso e poder tentar relembrar. É só isso que posso fazer", justificou.
A informação é avançada no mesmo dia em que o Partido Socialista chumbou a audição parlamentar de Lacerda Sales e também da então ministra da Saúde, Marta Temido. Após esta 'luz vermelha', a Iniciativa Liberal usou o direito potestativo de chamar as mesmas pessoas para serem ouvidas sobre o polémico caso das gémeas luso-brasileiras que vieram a Portugal em 2019 receber o medicamento Zolgensma, - um dos mais caros do mundo - para a atrofia muscular espinhal, que totalizou quatro milhões de euros.
"Nós temos de esclarecer se houve aqui algum tipo de favorecimento ou não e, se tiver havido favorecimento, temos de saber quem é que promoveu esse favorecimento", afirmou o presidente do partido, Rui Rocha, à margem da comissão de Saúde.
[Notícia atualizada às 23h12]
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