Por volta das 10h30, a Polícia de Segurança Pública reabriu o trânsito, que voltou a fluir com alguma normalidade na zona junto ao centro comercial Amoreiras, imediatamente antes da entrada para o túnel que dá acesso à Praça Marquês de Pombal.
A reabertura do trânsito aconteceu depois de os bombeiros sapadores de Lisboa terem retirado os dois ativistas que permaneciam suspensos no viaduto superior à Avenida Duarte Pacheco, presos por cordas e que seguravam uma faixa onde se lia "O Governo e empresas declararam guerra à sociedade e ao Planeta".
Os onze ativistas detidos foram levados para a esquadra do Calvário, em Alcântara, para onde, entretanto, o Climáximo convocou uma vigília de solidariedade, prevendo-se que permaneçam até que as pessoas detidas sejam libertadas.
Em declarações à agência Lusa, o porta-voz dos ativistas admitiu que todos tinham consciência de que seriam detidos pelas autoridades, apontando que essa é a "única resposta que as instituições conseguem dar às pessoas que resistem".
"Já morrem hoje dezenas de milhares de pessoas com a crise climática e a resposta das instituições às pessoas que seguem exatamente o que está a ser pedido pelas Nações Unidas, de criar disrupção para parar a destruição, é detê-las", criticou Noah Zino.
Apontou que terminou há pouco a mais recente conferência sobre o clima -- a COP28 --, mas "as emissões não param de aumentar", defendendo que é precisa uma "resposta de emergência" para uma crise social, climática e política.
"As pessoas precisam dessa resposta de emergência e o Climáximo está a tentar criar essa resposta de emergência e estamos a tentar ter uma resposta com toda a gente sobre como é que conseguimos parar esta normalidade que mata", apontou.
Questionado sobre a reação que a ação de hoje provocou entre os automobilistas, alguns dos quais agarraram e arrastaram ativistas, outros buzinaram, e muitos manifestaram o seu descontentamento gritando com os ativistas, Noah disse que o coletivo tem consciência de que "nenhum movimento que resistiu ativamente contra a normalidade foi aceite".
"Todos esses movimentos foram altamente contestados, desde os movimentos anticoloniais, ao movimento pelo voto das mulheres, que teve de incendiar centenas de edifícios para conseguir esse voto, nada disso foi consensual", frisou.
Noah apontou que o Climáximo defende que seja criado um plano alternativo, "o que obviamente choca com as expectativas das pessoas".
"Obviamente se as pessoas estão a tentar chegar ao trabalho, a tentar levar os filhos à escola, a tentar viver a sua vida em normalidade, vai ser stressante e muitas vezes há um emprego precário ou um compromisso e estamos no limite e obviamente que a resposta das pessoas vai ser assertiva, mas o que estamos a dizer é que neste momento existem limites climáticos que estão a ser quebrados e os direitos das pessoas estão a ser quebrados sistematicamente", defendeu.
Acrescentou que é preciso um plano para a paz, para a justiça social e para desarmar a economia, objetivos para os quais é preciso que "as pessoas se juntem em resistência".
"Se não forem elas ninguém vai ser. O Governo tem sangue nas mãos e está nas mãos das pessoas normais lutar por um futuro com a paz no centro", rematou.
Na ação de hoje, oito ativistas do Climáximo cortaram o trânsito das quatro vias da avenida Duarte Pacheco, no sentido Lisboa, junto ao centro comercial Amoreiras, por volta das 09h00, enquanto outros dois penduravam-se, com recursos a cordas, no viaduto superior.
Os oito ativistas conseguiram permanecer sentados na estrada durante cerca de vinte minutos, até aparecerem três agentes da Polícia de Segurança Pública, que os retiraram, tendo o trânsito ficado condicionado durante hora e meia.
No local estiveram duas viaturas dos Bombeiros Sapadores de Lisboa, uma delas com escada elevatória, e onze bombeiros, além de quatro carrinhas da Unidade Especial de Polícia e vários agentes.
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