Um casal de brasileiros denunciou, através das redes sociais, uma agressão de que terá sido alvo por parte de um grupo de jovens portugueses, na madrugada do passado sábado, em Vila Nova de Gaia, quando saíam de uma festa brasileira, tendo ainda divulgado imagens.
"Nesta madrugada viramos estatística novamente. Ao sair de uma deliciosa festa brasileira no Cais de Gaia, fomos surpreendidos por um grupo de aproximadamente 10 jovens portugueses que estavam sentados no outro quarteirão, bebendo e conversando, estes jovens nos pediram 10 euros, quando dissemos que não tínhamos, vieram para cima da gente", escreveram Bruno Marcelino e Kaique Soares, numa publicação divulgada na rede social Instagram.
"Tentamos correr, mas me alcançaram, me derrubaram e deram chutes e socos na minha cabeça, Kaique [a outra vítima] ao ver a cena, tentou voltar e foi recebido com muitos socos no rosto", acrescentaram.
Segundo o casal, as agressões foram motivadas por "xenofobia, homofobia e racismo", algo que considera "cada vez mais evidente" em Portugal.
A publicação deixa ainda críticas à atuação da Polícia de Segurança Pública (PSP).
"Chamamos a polícia, que demorou a vir e quando vieram tentaram inverter a situação, queriam deixar os jovens irem embora e só foram atrás deles quando começamos a gritar. No final, não sabemos se foram ou não encaminhados para a delegacia, já que os policiais não nos deram nenhum comprovativo da ocorrência", lê-se.
O Notícias ao Minuto entrou em contacto com a PSP para obter esclarecimentos sobre o caso, mas tal não foi possível até ao momento.
A publicação descreve os passos seguintes. "Fomos para o hospital, nada de muito grave foi detetado, apenas os ferimentos superficiais no rosto, principalmente no olho e boca e no nariz do Kaique, agradecemos aos nossos protetores espirituais que nos protegeram neste momento, já que o objetivo daqueles jovens era causar muito mal para nós", remataram, garantindo que serão movidas "todas as forças" para que os alegados agressores "não causem mais mal" a ninguém, "principalmente por motivações de ódio".
O caso rapidamente se tornou notícia no Brasil, tendo o casal prestado declarações sobre o sucedido à imprensa brasileira.
Segundo o Metrópoles, Bruno Marcelino e Kaique Soares estão a viver em Portugal há dois meses. Bruno é empresário e doutorado em estudos sociais de Europa e América Latina e Kaique é cozinheiro e estudante de gastronomia.
Bruno explicou ao site brasileiro que acredita que a abordagem só aconteceu depois de um dos jovens vir que ambos estavam de mãos dadas e que a agressão ocorreu depois de o grupo notar que eram brasileiros.
"Eles viram a gente de mãos dadas. Quando respondemos em português brasileiro, eles foram nos agredir. Aí veio o soco, ficaram com raiva", disse Kaique.
Terá sido uma pessoa, que estava na varanda de um apartamento, a contactar a polícia, que dizem não acreditar no relato que havia sido dado pelo casal.
"Eu disse que os caras estavam parados ali, e eles diziam que a gente tinha que descrever cada um deles. Quando começaram a fugir, porque viram a gente apontando, eu me exaltei e falei: 'Vocês vão deixar os caras que nos agrediram fugirem na nossa frente?', e só então eles foram atrás e pegaram quatro pessoas", contou.
Até ao momento, a polícia não havia entrado em contacto e o casal continuava sem saber se a ocorrência tinha sido registada. "Pegaram nossos dados pessoais, mas não sei o que fizeram", disse.
O episódio agora ocorrido acabou por motivar uma mudança de planos, longe de Portugal.
"Quero seguir a vida em outro lugar. Portugal não é seguro para a gente", disse Bruno.
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