Numa altura em que muitas pessoas sofrem com gripe, crescem também as dúvidas sobre como aliviar os sintomas. Afinal, que medicamentos se devem tomar?
A Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor (DECO) elaborou um esclarecimento sobre o tema, no qual alerta que devem ter evitados os medicamentos antigripais, explica o que fazer em caso de febre, dores no corpo ou dor de garganta, em caso de nariz congestionado e adianta algumas soluções caseiras para a tosse.
A gripe, em geral, destaca a DECO, "cura-se espontaneamente". "Três a cinco dias após o início dos sintomas, começamos a sentir-nos melhor e ficamos restabelecidos, geralmente, em sete dias". Já a "tosse e um certo mal-estar podem persistir mais de duas semanas".
Os "medicamentos analgésicos (paracetamol ou ibuprofeno) não aceleram a cura, uma vez que nenhum consegue eliminar o vírus", "mas aligeiram os sintomas." É importante ler "sempre o folheto informativo, sobretudo as contraindicações". Antes de comprar, "compare o preço dos medicamentos genéricos e de marca", uma vez que em alguns casos, "é possível poupar ao optar pelos genéricos".
Já os antibióticos "são completamente inúteis porque só combatem bactérias e a gripe é causada por vírus (o Influenza)". O uso indiscriminado destes medicamentos "torna mais difícil combater infeções bacterianas devido à formação de bactérias resistentes".
Primeira dica: Evite os medicamentos antigripais
A associação nota que os medicamentos antigripais "têm várias substâncias ativas, incluindo anti-histamínicos, descongestionantes, paracetamol ou ácido acetilsalicílico, vitamina C e cafeína". Em geral, "podem ser comprados sem receita médica", mas "devem ser evitados por várias razões".
Os antigripais têm "vários princípios ativos, logo, o risco de efeitos adversos é maior, sem haver um aumento de eficácia", além disso "podem incluir uma substância contraindicada para o paciente, que pode tomá-la sem se aperceber" e existe "a possibilidade de sobredosagem, se tomar outro medicamento com um princípio ativo presente no antigripal".
De notar que "se o doente não apresentar todos os sintomas que o fármaco trata, acaba por tomar medicamentos sem necessidade" e a "dose de certas substâncias é inferior à recomendada. Um exemplo disso são as associações que contêm cafeína: a dose de cafeína que contêm não é suficiente para exercer efeitos relevantes". Há ainda "antigripais que contêm substâncias sem eficácia comprovada, como a vitamina C".
A solução, destaca a DECO, é "tomar medicamentos indicados para cada sintoma". Em caso de dúvida, "consulte um médico".
Como tratar febre e dores no corpo?
Pode tomar "analgésicos comuns, como paracetamol, ibuprofeno ou ácido acetilsalicílico", indica a associação. No caso das crianças, "é importante verificar as doses adequadas no folheto informativo". De notar que grávidas e crianças "não devem tomar ácido acetilsalicílico".
Em caso de febre, "é importante beber muitos líquidos, usar roupa leve e repousar num ambiente com temperatura amena (cerca de 20ºC)." Um banho" com água tépida também ajuda a diminuir a febre". Para temperaturas "não muito elevadas (abaixo de 39ºC), estas medidas podem ser suficientes".
E a dor de garganta?
A dor de garganta é um sintoma "muitas vezes presente em gripes ou estados gripais". No entanto, "as dores de garganta podem dever-se a outras causas, como mudanças de temperatura, ar seco, febre-dos-fenos ou irritação devido à inalação de fumo de tabaco". Em qualquer uma das situações "poderá recorrer a medidas que ajudem a aliviar o sintoma".
Para aliviar, "beba muitos líquidos". A DECO nota que "não está provado que gargarejar com água salgada várias vezes ao dia seja eficaz, mas é uma medida inócua e barata". Para isso, "dissolva meia colher de chá de sal em 240 mililitros de água morna".
"Também ajuda beber uma infusão, por exemplo, de limão, não muito quente, para não irritar a garganta" e "o mel é suavizante, mas não está provado que alivie a dor".
"Alguns anti-inflamatórios (não esteroides), como as pastilhas à base de benzidamina e flurbiprofeno, mostram alguma vantagem, mas pouca", destaca a asssociação, que refere que "um simples rebuçado ou manter a garganta bem hidratada pode ser suficiente e mais barato".
Deve ir ao médico se os sintomas forem persistentes, mas também se "tiver dores de garganta com frequência e estas não melhorarem com analgésicos", se "sentir dificuldade em engolir (inclusivamente a saliva) e em ingerir líquidos", se "as dores forem muito fortes", se "sentir dificuldades respiratórias" ou "tiver a voz 'abafada" e se "a febre se mantiver acima de 38ºC, apesar da medicação".
Como tratar o nariz congestionado?
Prefira "os vapores de um duche quente e limpe com soro fisiológico ou água do mar esterilizada". No entanto, em casos de "grande aflição", pode recorrer a descongestionantes, "como a oximetazolina, a xilometazolina e a fenilefrina". Os sprays "têm menos efeitos adversos do que os comprimidos". Contudo, "o uso prolongado de ambos pode agravar o problema, se os aplicar por mais de 72 horas". Outros efeitos indesejáveis "são a secura do nariz e as hemorragias".
Alguns estudos indicam que "o calor, o líquido e o sal da canja de galinha podem ajudar a combater a infeção, porque inibem o movimento das células responsáveis pela inflamação (neutrófilos) e aceleram, temporariamente, o movimento do muco". Assim, é "possível que ajudem a aliviar a congestão e limitem o tempo em que os vírus estão em contacto com a mucosa nasal".
Também há soluções caseiras para a tosse
Após uma constipação, é normal a tosse "demorar umas semanas a passar, mesmo que a dor de garganta já tenha desaparecido e o nariz já esteja desentupido". Há estudos que indicam "que a tosse demora, em média, 18 dias a passar", nota a DECO. Alguns medicamentos "para a tosse, vendidos sem receita médica, podem ajudar a diminuir os sintomas ao secar o muco na garganta, suprimindo o reflexo da tosse". No entanto, "não fazem a tosse desaparecer completamente".
Neste caso, remédios caseiros, "como água quente com mel e limão, ou beber muitos líquidos, às vezes, podem ajudar a aliviar a tosse". Contudo, "há poucas evidências clínicas que demonstrem a eficácia destas abordagens". Já o chá de limão quente com mel "tem um efeito semelhante aos medicamentos para a tosse (emolientes)".
"Regra geral, quando estamos doentes, achamos sempre que a tosse deveria passar mais rápido". Por isso, "se a tosse tiver mais de uma semana e não for acompanhada por outros sintomas, não é necessário recorrer ao médico", refere a DECO. Caso a "tosse persista e exista febre que não passa, dor de garganta que está a agravar, dificuldades respiratórias ou cansaço extremo, deve, então, consultar um médico".
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