A última reunião da bancada do PSD na XV legislatura -- o plenário será dissolvido na próxima segunda-feira -- terminou com uma salva de palmas audível no exterior.
À saída, em declarações aos jornalistas, Joaquim Miranda Sarmento disse ter feito um agradecimento a todos os deputados e recusou comentar a decisão de António Maló de Abreu de sair do PSD e da bancada, passando a deputado não inscrito até ao final da legislatura.
"Não tenho que me pronunciar sobre isso, o que tinha a dizer disse no grupo parlamentar. Foi uma decisão dele, não tenho que comentar uma decisão que é pessoal de um deputado que já não pertence ao grupo parlamentar e que só ele pode responder", disse.
Questionado se o PSD está preocupado com as notícias que dão conta de que o Chega conta com António Maló de Abreu para as suas listas de candidatos para as próximas legislativas, Miranda Sarmento voltou a dizer tratar-se de uma decisão pessoal.
"Só ele pode responder pelas decisões que tomou até ao momento e por aquilo que possam vir a ser as suas decisões no futuro", disse.
Já sobre o seu próprio futuro -- questionado se poderá voltar a ser líder parlamentar do PSD ou ministro, caso a coligação AD vença as eleições de 10 de março -, considerou que "não é um tema muito relevante para os portugueses".
"O que vai suceder depois de 10 de março depende dos votos dos portugueses e das escolhas de Luís Montenegro, respeitarei sempre essas escolhas", disse.
O líder parlamentar do PSD apenas confirmou que irá nas listas como deputado.
"Continuo totalmente empenhado para que o PSD tenha uma vitória e para que Luís Montenegro seja primeiro-ministro de Portugal", assegurou.
Perante os deputados, segundo relatos feito à Lusa da reunião, o líder parlamentar do PSD rejeitou que as preocupações do ex-deputado social-democrata Maló de Abreu tenham sido negligenciadas pela bancada e recordou que foi até ele que abriu um debate sobre saúde na semana passada.
Um dos argumentos invocados pelo deputado Maló de Abreu, eleito nesta legislatura pelo círculo da Europa, era de que, apesar de vários pedidos seus, nunca foi agendado em plenário um debate sobre a situação das comunidades portuguesas.
Hoje, o líder parlamentar argumentou que esse debate não chegou a ser agendado devido à dissolução do parlamento e negou qualquer problema pessoal com o deputado, considerando até injustas algumas das críticas feitas.
Entretanto, questionado pela Lusa sobre uma notícia do Observador de que o Chega conta com António Maló de Abreu para as suas listas de candidatos para as próximas legislativas, o agora deputado não inscrito rejeitou que a sua saída do PSD tenha qualquer relação "com hipotéticos ou eventuais convites".
"Nego qualquer ida para qualquer partido", disse Maló de Abreu.
Sobre a possibilidade de integrar listas de deputados por outro partido, como independente, o médico-dentista, eleito pela primeira vez deputado em 2019 por Coimbra, respondeu: "É um assunto que não se me coloca".
Numa nota à Lusa, António Maló de Abreu justificou na quarta-feira a sua saída do PSD e da bancada social-democrata por não se rever na estratégia da direção do partido e "na inação" da liderança da bancada, nomeadamente quanto às comunidades portuguesas.
O anúncio desta saída aconteceu na véspera do último plenário da XV legislatura, que se prolongará até ao início da nova, após as legislativas de 10 de março.
Na sequência da demissão do primeiro-ministro a 07 de novembro, o Presidente da República anunciou que iria dissolver o parlamento no próximo dia 15 de janeiro e convocar eleições legislativas antecipadas para 10 de março.
O Conselho Nacional do PSD reúne-se na próxima segunda-feira para aprovar as listas de candidatos a deputados, estando a decorrer esta semana as reuniões entre as estruturas distritais e representantes da direção.
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