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Portugal acredita na tomada de posse do PR da Guatemala apesar de atrasos

O chefe da diplomacia portuguesa disse à Lusa acreditar que a posse do Presidente eleito da Guatemala, onde se encontra, se realize ainda este domingo (segunda-feira em Lisboa), apesar de várias horas de atraso no Congresso, dominado pela oposição.

Portugal acredita na tomada de posse do PR da Guatemala apesar de atrasos
Notícias ao Minuto

06:47 - 15/01/24 por Lusa

País Guatemala

"Acredito que estas manobras esgotar-se-ão e que será possível ainda hoje a realização da tomada de posse. Estamos à espera de sermos convocados para ir até ao Congresso para assistir a essa tomada de posse, que já está com várias horas de atraso, mas acredito que acontecerá ainda hoje", afirmou João Gomes Cravinho, por telefone, a partir da Cidade da Guatemala, onde se deslocou para assistir à posse de Bernardo Arévalo, eleito em agosto.

A cerimónia deveria ter começado às 15h00 locais (21h00 de Lisboa) deste domingo, mas estavam a decorrer no hemiciclo debates sobre se os deputados do partido com o qual o novo Presidente venceu as eleições devem ser inscritos como independentes.

O ministro dos Negócios Estrangeiros português, que falou à Lusa pouco depois das 18h00 locais, foi um dos subscritores de uma declaração de ministros e chefes de Estado e de Governo de vários países e altos representantes de organizações internacionais, como a União Europeia (UE), a Organização dos Estados Americanos (OEA) e a Secretaria-Geral Ibero-Americana, que afirmaram esperar "que o Congresso faça aquilo que tem de fazer, que faça a transmissão do poder do Presidente cessante para o novo Presidente".

"É aquilo que manda a Constituição e é essa a expectativa do povo da Guatemala, que votou em eleições livres e justas que foram reconhecidas como tal pelos observadores internacionais, incluindo da União Europeia", salientou Gomes Cravinho.

Questionado sobre qual é o ambiente social que pode observar nas ruas da Guatemala, perante este impasse, o ministro indicou que estava a decorrer uma manifestação pacífica de apoio ao Presidente eleito, nas proximidades de Congresso.   

"É evidente que as pessoas estão profundamente desiludidas com a postura de um certo número de deputados que estão a boicotar este processo de transferência de poder, um poder legitimamente adquirido nas urnas", relatou.

Depois de a UE ter aprovado, na semana passada, um quadro específico para a adoção de medidas restritivas de apoio à democracia na Guatemala, o bloco dos 27 poderá agora avançar para sanções dirigidas a personalidades que prejudiquem a transição democrática.

Um tema que o ministro português abordou com o chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, que também se deslocou à Guatemala.

"Temos consciência, no entanto, que estas sanções dificilmente têm um impacto imediato, porque aquilo que se está a passar hoje precisa de se resolver hoje e as sanções entrarão em vigor nas próximas semanas", ressalvou.

Mas, sublinhou, é "um sinal de compromisso" da União Europeia com a "democracia na América Latina" e "será também uma penalização forte para algumas das pessoas que estão aqui envolvidas neste processo de tentativa de desvio da legalidade democrática".

O governante destacou também que esta é a primeira vez que Portugal se faz representar a este nível numa posse presidencial neste país, um "sinal do compromisso português em relação à democracia" na América Latina e na Guatemala.

"Para além da situação imediata na Guatemala, está também em causa a consolidação da democracia na América Latina", disse, recordando: "As eleições tiveram lugar em agosto e desde agosto ouvimos um conjunto de manobras para tentar evitar a tomada de posse" do Presidente eleito.

Bernardo Arévalo foi eleito com o compromisso de combater a corrupção endémica no país - classificado em 150.º lugar entre 180 países pela Transparência Internacional.

"O que estão a fazer [a oposição] é atrasar a instalação do parlamento da 10.ª legislatura, porque não querem dar o poder ao Presidente Arévalo", acusou o deputado José Ines Castillo, do partido Unidade Nacional de Esperança (UNE), da antiga primeira-dama Sandra Torres, derrotada por Arévalo de León nas eleições de 2023.

O Presidente eleito garantiu já que será empossado ainda este domingo (já segunda-feira em Portugal) como chefe de Estado do país centro-americano, substituindo Alejandro Giammattei, como determina a lei, apesar das manobras para impedir a sua posse.

O atraso na cerimónia levantou receios de um possível "golpe de Estado", como o próprio Presidente eleito tem vindo a denunciar, acusando a procuradora-geral da Guatemala, Consuelo Porras, e "outros atores corruptos" de obstruírem a sua tomada de posse.

O Ministério Público e a procuradora-geral, incluída numa lista de figuras "corruptas" do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, conseguiram a suspensão provisória do partido do Presidente eleito por alegadas irregularidades no seu processo de criação, em 2017.

O Ministério Público também tentou anular as eleições e retirar a imunidade a Arévalo e à sua vice-presidente eleita, manobras severamente criticadas pelos Estados Unidos, a UE, a ONU e a OEA.

Leia Também: OEA e UE instam parlamento da Guatemala a entregar poder ao presidente

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