O grupo islâmico Hamas terá divulgado, esta segunda-feira, um vídeo no qual mostra os cadáveres de dois reféns, entre eles o luso-português Yossi Sharabi.
O homem de 53 anos e Itai Svirsky, de 38, foram identificados como sendo as vítimas mortais, segundo a agência Reuters.
As imagens incluíam ainda declarações de Noa Argamani, de 26 anos, que afirmou que os dois reféns foram assassinados pelos ataques das Forças de Defesa de Israel (IDF).
O vídeo foi publicado depois de, no domingo, o grupo militar ter dado conta de que, na segunda-feira, revelaria o "destino" destes reféns.
"Estávamos num edifício [que] foi atingido por um ataque aéreo das IDF. Foram disparados três rockets. Dois dos rockets explodiram. Estávamos no edifício com soldados da Al Qassam e três reféns: eu, Noa Argamani, Itai Svirsky e Yossef Sharabi. Depois de o prédio ter sido atingido, ficámos todos soterrados nos escombros. Os soldados da Al Qassam salvaram a minha vida, e a de Itai. Infelizmente, não conseguimos salvar a de Yossi", disse a jovem, citada pelo The Jerusalem Post.
Noa Argamani apontou ainda que, ao fim de duas noites, foi transferida com Itai Svirsky "para outro local". Durante a viagem, Svirsky foi atingido por um ataque das IDF e não sobreviveu.
"Itai Svirsky e Yossi Sharabi. Eles morreram por causa dos nossos próprios ataques aéreos, das IDF. Parem com esta loucura e levem-nos para casa, para as nossas famílias. Enquanto ainda estivermos vivos, levem-nos para casa", apelou.
Sublinhe-se que, no vídeo anterior, os três reféns pediram ao governo israelita para fazer tudo o que estivesse ao seu alcance para garantir o seu regresso seguro a casa. No final, dirigiram-se aos israelitas: "O vosso governo está a mentir-vos."
"Uma palhaçada que visa o terror psicológico"
Entretanto, a Comunidade Israelita do Porto denunciou que o anúncio da morte de Yossi Sharabi foi feito no seio de "uma palhaçada que visa o terror psicológico".
"O relato da sua morte, pela voz de uma refém que provavelmente já morreu também, é feito no meio de uma palhaçada que visa o terror psicológico. [...] Yossi Sharabi tinha 53 anos. Era filho de pai marroquino, de apelido Turgeman, e de mãe marroquina, de apelido Sharabi. Membros da família Turgeman regressaram a Portugal, provenientes de Marrocos e Gibraltar, nos séculos XIX e XX, estando sepultadas no cemitério judaico de Lisboa", apontou, em comunicado a que o Notícias ao Minuto teve acesso.
Familiares de Eli e Yossi Sharabi, Idan Shtivi e Tsachi Idan, reféns com nacionalidade portuguesa em posse do Hamas desde 7 de outubro, estiveram em dezembro em Lisboa, onde, no dia 6, deram uma conferência de imprensa dando conta do seu desespero e esperança e pedindo insistentemente esforços no sentido da sua libertação.
Na véspera do encontro com os jornalistas, estes familiares reuniram-se na sinagoga de Lisboa para rezar pela sua libertação e o "fim do pesadelo", reconstituindo à Lusa os acontecimentos de 7 de outubro.
"É realmente uma realidade diferente porque não consigo entender como pode ser cruel neste mundo, no nosso século, nas nossa vidas, pegarem nas nossas pessoas mais queridas e colocá-las noutro lugar sem nada, sem sabermos qual é o seu estado, condição e como são tratados", desabafou Nira Sharabi, esposa de Yossi Sharabi.
Nira "escapou miraculosamente à morte com as três filhas adolescentes no dia em que elementos armados do grupo terrorista Hamas massacraram muitos dos mil habitantes do 'kibutz' Be'eri", referiu hoje a representação israelita em Lisboa.
Também no mês passado, a Embaixada de Israel em Portugal divulgou imagens de Nira Sharabi, que detalhou os acontecimentos do dia 7 de outubro, no qual o marido e o cunhado foram raptados pelo Hamas.
"Os homens foram levados - e Nira e outras nove pessoas que ficaram para trás entraram numa casa privada e deitaram-se no chão até serem resgatadas", escreveu a entidade, na rede social X.
No dia 7 de outubro, Nira Sharabi e os membros da sua família esconderam-se durante horas na sala protegida. Depois de ter perdido o contacto com a família do cunhado, os terroristas chegaram até eles e assassinaram toda a gente, exceto o pai da família. Os homens foram levados -… pic.twitter.com/7PSoO9v8X9
— Israel em Portugal🇮🇱🇵🇹 (@IsraelinPT) December 12, 2023
Dos cerca de 250 reféns raptados a 7 de outubro, cerca de uma centena foi libertada em troca de prisioneiros palestinianos durante uma trégua nos combates, no final de novembro.
No entanto, mais de 130 continuam na Faixa de Gaza (território controlado pelo Hamas desde 2007), segundo as autoridades israelitas, que apuraram que 25 morreram sem que os seus corpos tenham sido devolvidos.
Depois do ataque surpresa do Hamas contra o território israelita, sob o nome 'Tempestade al-Aqsa', Israel bombardeou a partir do ar várias instalações daquele grupo armado na Faixa de Gaza, numa operação que denominou 'Espadas de Ferro'.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, declarou que Israel está "em guerra" com o Hamas, grupo considerado terrorista por Israel, pelos Estados Unidos e pela União Europeia (UE), tendo acordado com a oposição a criação de um governo de emergência nacional e de um gabinete de guerra.
[Notícia atualizada às 20h23]
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