O dono de Bobi, o cão português que foi ‘coroado’ pelo Guinness World Records como sendo o patudo mais velho do mundo (e de sempre), a 1 de fevereiro de 2023, considerou, esta terça-feira, que a investigação que pende sobre a idade do animal se deveu à ação de "um grupo de ‘parasitas’ ligados ao mundo veterinário", que, na sua ótica, "não querem que se dê comida natural aos animais".
"Um grupo de ‘parasitas’ ligados ao mundo veterinário veio colocar em causa uma série de pessoas e instituições devido à idade do Bobi. O Bobi partiu no passado mês de outubro devido a problemas de saúde, e tinha sido devidamente reconhecido no início do ano de 2023 pela instituição Guinness World Records (GWR) como o cão mais velho do mundo e de sempre", disse Leonel Costa, citado pela SIC Notícias.
Segundo o tutor do patudo, que recebeu o título aos 30 anos e 266 dias, a família terá suportado todos os custos associados ao processo de comprovação da idade do animal, que morreu aos 31 anos, em outubro de 2023, na sequência de uma hospitalização provocada por problemas do foro interno.
"No entanto, foi somente isso, pois quero voltar a mencionar que em momento algum existiram quaisquer contrapartidas financeiras ou de outra forma na atribuição destes reconhecimentos. Aliás, houve, sim, uma série de custos por nós a suportar, para comprovar tudo junto da prestigiada instituição GWR, desde consultas e exames com especialistas e envio de toda a documentação para o processo", assegurou.
Bobi, que era descrito pelo tutor como sendo "um anjo", "muito sociável" e "um doce", teve, na ótica de Leonel Costa, "uma longa vida por comer alimentação natural, bem como vacinações somente essenciais, e um estilo de vida que proporcionou a sua longevidade".
"Não tenho nada contra as comidas processadas. Inclusive, tenho vários gatos e dou-lhes um misto de comida natural com comida processada, algo que estas pessoas não aconselham. Obviamente não querem que se dê comida natural aos animais porque, assim, os seus lucros serão bem menores", atirou, numa referência à indústria veterinária.
O Notícias ao Minuto contactou Leonel Costa mas, até ao momento, ainda não foi possível ter uma reação por parte do tutor.
"Dadas as nossas atuais capacidades médicas, é completamente impossível"
É que, recorde-se, o Guinness World Records suspendeu temporariamente os títulos de Bobi, enquanto a sua investigação estiver em andamento.
As dúvidas quanto à idade do rafeiro alentejano surgiram após a morte do animal, já que, segundo um grupo de veterinários, 31 anos de vida de um cão equivalem a 200 anos de vida humana.
A suspeita foi levantada por Danny Chambers, um veterinário que dirige o grupo Veterinary Voices, constituído por mais de 18 mil profissionais. Segundo o especialista, "nenhum" dos seus colegas acreditava que Bobi tenha chegado aos 31 anos.
"Dadas as nossas atuais capacidades médicas, é completamente impossível", disse Chambers, em declarações ao The Guardian, na altura.
Na ótica do veterinário, a longevidade de Bobi foi usada como exemplo por fanáticos que acreditam que a ração para cães está a "matar os animais de estimação".
As questões adensaram-se com a divulgação de fotografias antigas que retratavam o patudo com patas brancas, ao contrário da sua tonalidade cor de mel. Além disso, os tutores de Bobi só o registaram um ano antes da sua morte, o que, na prática, significa que não é possível confirmar ou negar a sua data de nascimento, que terá ocorrido no dia 11 de maio de 1992.
De qualquer modo, Bobi, que nasceu em Conqueiros, uma aldeia do concelho de Leiria, terá escapado à morte graças ao seu pelo, que fez com que ficasse camuflado no meio da lenha, ao contrário dos três irmãos. Leonel encontrou-o e escondeu-o, o que lhe valeu um grande ralhete quando foi descoberto pelos pais, segundo contou à agência Lusa, na festa de aniversário do patudo. "Mas valeu a pena", assegurou, na altura.
De acordo com dois veterinários internacionais que estiveram na celebração, o segredo da longevidade do canídeo passava por ingerir comida de humano, pela liberdade e por ter uma vida social rica.
"Tem de ter sorte para ter os genes corretos, a casa certa, as circunstâncias corretas e amigos. O Bobi tem amigos e uma excelente família. Além disso, vive numa zona rural. Não está numa trela, nem tem coleira", apontou Peter Dobias, veterinário do Canadá, em declarações à Lusa.
Sublinhe-se ainda que Bobi bateu o recorde de quase um século de Bluey, um cão pastor australiano que morreu em 1939, aos 29 anos e 5 meses de idade.
Leia Também: Guinness retira temporariamente título de cão mais velho do mundo a Bobi