PJ e MP investigam corrupção na Madeira. Albuquerque é um dos alvos
O presidente da Câmara do Funchal, Pedro Calado, também será um dos visados.
© Global Imagens
País Madeira
A Polícia Judiciária (PJ) e o Ministério Público (MP) estarão a levar a cabo mais de 50 buscas por suspeitas de corrupção e outros crimes associados, nos quais estarão envolvidos tanto o presidente do governo regional da Madeira, Miguel Albuquerque, como o presidente da Câmara do Funchal, Pedro Calado.
"A Câmara Municipal do Funchal informa que um grupo de inspetores da Polícia Judiciária deu entrada esta manhã nas instalações do edifício dos Paços do Concelho, para a realização de buscas", lê-se num comunicado divulgado pela autarquia (PSD/CDS-PP).
No documento, o município, presidido pelo social-democrata Pedro Calado, acrescenta que "está a colaborar na investigação em curso e a prestar toda a informação solicitada, num espírito de boa cooperação".
A informação foi avançada esta quarta-feira pela CNN Portugal, que apontou que outros altos decisores políticos da região também serão visados por alegada promiscuidade com grupos económicos.
O mesmo meio deu ainda conta de que a megaoperação conta com mais de uma centena de inspetores da PJ e de procuradores do Departamento Central de Investigação e Ação Penal em três processos distintos, que contemplam algumas das mesmas personalidades.
No caso de Albuquerque, que estará a ser alvo de buscas domiciliárias, a suspeita recai sobre uma relação duvidosa com o grupo Pestana, particularmente com os sócios de Cristiano Ronaldo no Pestana CR7 Funchal, entre outros. De acordo com a CNN, em causa está a venda de uma quinta do presidente do governo regional a um fundo imobiliário com sede em Lisboa, por 3,5 milhões de euros, em 2017.
A investigação arrancou em 2019 e, em março de 2021, a PJ já tinha feito buscas a Albuquerque. É que a Quinta do Arco foi arrendada ao grupo Pestana para exploração turística, tendo coincidido com a renovação da concessão da Zona Franca da Madeira à entidade. Suspeita-se, assim, que os 3,5 milhões de euros tenham sido "uma contrapartida paga em atos corruptivos".
Já no que diz respeito à exploração da Zona Franca pelo grupo Pestana, o Tribunal de Contas concluiu que o processo conduzido por Pedro Calado, na altura vice-presidente de Albuquerque, violou o princípio da concorrência.
Na altura, uma nota divulgada na página do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) adiantou estarem em causa "factos suscetíveis de integrar a prática de crimes de prevaricação, corrupção e participação económica em negócio".
O presidente regional disse, então, estar de "consciência tranquila" e não ter "nada a esconder", tendo assegurado que disponibilizaria "tudo o que é necessário para apurar a verdade".
O Notícias ao Minuto também está a tentar apurar a informação junto do governo regional.
[Notícia atualizada às 10h10]
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