O advogado do empresário Avelino Farinha, um dos detidos na sequência da investigação sobre corrupção na Madeira, declarou, esta sexta-feira, que o seu cliente "é rijo" e o interrogatório irá continuar cerca das 9h30 de sábado.
"Até agora correu tudo bem, respondeu a todas, todas, todas as perguntas", começou por dizer o advogado Raul Soares da Veiga, em declarações aos jornalistas, à saída do Campus de Justiça, em Lisboa.
Segundo o advogado, o arguido assegurou ao juiz que ganhou "por mérito" todas as obras que lhe foram adjudicadas.
""Disse que fez tudo corretamente, que não houve corrupção nenhuma e que ganhou por mérito todas as obras", salientou.
Questionado sobre o estado de espírito do líder do grupo de construção AFA, após estes 10 dias em prisão preventiva, Soares da Veiga atirou: "Ele é rijo, está com bom espírito e, sobretudo, está muito contente de ter começado a prestar declarações".
Sem antecipar cenários, Raul Soares da Veiga adiantou, contudo, que o Ministério Público já deu a entender que irá propor a prisão preventiva dos três detidos.
"Já manifestaram isso. Está escrito no requerimento de detenção. Também já se falou aqui na possibilidade de libertação antecipada e o Ministério Público opôs-se veemente, dizendo que se verificavam todos os perigos e mais alguns", apontou.
Antes do início da inquirição de Avelino Farinha foi concluído o interrogatório do empresário Custódio Correia, o principal acionista do grupo ligado à construção civil Socicorreiam, que tinha começado a ser ouvido pelo juiz de Instrução Criminal na quarta-feira à tarde.
O último dos três arguidos a ser interrogado será o ex-presidente da Câmara do Funchal, Pedro Calado (PSD).
De recordar que Avelino Farinha, juntamente com o empresário Custódio Correia e o ex-presidente da Câmara do Funchal, Pedro Calado, foram detidos em 24 de janeiro, na sequência de cerca de 130 buscas domiciliárias e não domiciliárias efetuadas pela Polícia Judiciária (PJ) sobretudo na Madeira, mas também nos Açores e em várias zonas do continente.
A operação também atingiu o presidente do Governo Regional (PSD/CDS-PP), Miguel Albuquerque, que foi constituído arguido e oficializou na segunda-feira a renúncia ao cargo, que tinha anunciado na sexta-feira.
De acordo com documentos judiciais a que a Lusa teve acesso, o Ministério Público refere que o presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque (PSD), o ex-presidente da Câmara Municipal do Funchal Pedro Calado (PSD) e o líder do grupo de construção AFA, Avelino Farinha, estabeleceram, "ao longo do tempo, uma relação de particular proximidade e confiança" que terá beneficiado aquele grupo empresarial "ao arrepio das regras da livre concorrência e da contratação pública".
Entre os contratos alvo de investigação criminal, de acordo com os documentos judiciais estão a concessão de serviço público de transporte rodoviário de passageiros na ilha da Madeira, a concessão do Teleférico do Curral das Freiras, o projeto da Praia Formosa e o Funchal Jazz 2022-2023.
[Notícia atualizada às 18h30]
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