O ministro da Administração Interna (MAI), José Luís Carneiro, considerou que fez tudo aquilo que estava ao seu alcance, quanto às reivindicações da Polícia de Segurança Pública e da Guarda Nacional Republicana.
Questionado pela CNN Portugal sobre se considerava que havia uma injustiça entre os subsídios que a Polícia Judiciária recebe agora - e que 'ficaram' por ser atribuídos tanto a PSP como a GNR -, Carneiro foi perentório: "Não podia ter feito mais neste tempo. Julgo que o Governo não podia ter feito mais do que aquilo que fez até agora. A legislatura foi interrompida".
Durante a entrevista, feita no mesmo dia em que se reuniu de urgência com responsáveis destas forças, José Luís Carneiro apontou que estavam em curso negociações com sindicatos "quanto á questão de higiene, saúde e segurança no trabalho, quanto à questão dos gratificados, quanto à questão, precisamente dos suplementos", recordando que estes tinham sido revistos pela última vez em 2019.
"Agora, o que acontece é que não temos legitimidade política para tomar uma decisão porque nas próximas cinco semanas vamos ter eleições legislativas. Tem de ser no quadro dos compromissos políticos dos partidos políticos que se devem assumir essas responsabilidades", justificou, tal como já tinha referido esta manhã.
O governante apontou ainda, durante a entrevista, que houve eventualmente três momentos em que possa ter estado em causa o dever "de obediência e o compromisso da missão das forças de segurança, nomeadamente, quando foram dadas varias viaturas como inoperacionais, em segundo lugar, no apelo à entrega das armas, e agora estas baixas que tem estado a ser entregues nos últimos dias". Carneiro garantiu que as entidades responsáveis, nomeadamente a Inspeção Geral da Administração Interna vai avaliar "precisamente os termos em que esses baixas têm estado a ser comunicadas".
Sublinhando que o direito à manifestação é legítimo e que este tem sido legitimamente exercido nos últimos dias, o ministro defendeu que "aquilo que é intolerável é que ocorram atos que coloquem em causa a missão e especiais deveres das forças de segurança no cumprimento da legalidade democrática dos valores constitucionais".
"Não podemos permitir que alguns coloquem em causa brio e profissionalismo de tantos milhares", elogiou.
O pontapé de saída para esta 'crise' entre o MAI e as forças de segurança foi dado no sábado, em Famalicão, onde o jogo contra o Sporting não se realizou devido a falta de agentes no local, o que motivou ainda altercações junto á porta do estádio.
Segundo a Direção Nacional da PSP, tudo estava planeado em conformidade para a realização do jogo quando antes da partida um número "não habitual" de polícias entregou baixas médicas. A PSP pediu 'reforços', que também apresentaram situações semelhantes.
No local, houve confrontos que resultaram em feridos e na chamada de ambulâncias para o local, e o ministério em causa marcou uma reunião para esta manhã. A pasta abriu também dois inquéritos, um em relação à situação de policiamento e outra depois de o líder do Sindicato Nacional da Polícia ter alertado que situações como a do jogo se podiam repetir nas próximas legislativas "Quem transporta boletins são forças de segurança", referiu Armando Ferreira.
Leia Também: "Foi preciso um jogo de futebol para [o Governo] olhar para nós"