Fica sem estômago por causa de 'falso' cancro. Hospital de Braga explica

Homem considera que foi alvo de negligência médica. Hospital de Braga garante que não. Todos os sinais, sintomas e até vários exames indicavam para o diagnóstico de cancro do estômago, mas a retirada do órgão revelou outro diagnóstico.

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© Paulo Jorge Magalhães / Global Imagens

Natacha Nunes Costa
07/02/2024 11:08 ‧ 07/02/2024 por Natacha Nunes Costa

País

Hospital de Braga

Um homem de 37 anos que foi tratado a um cancro no Hospital de Braga, em 2023, acusa aquela unidade hospitalar de negligência, depois de ter descoberto, após lhe retirarem o estômago, que afinal não tinha nenhum cancro.

Numa denúncia feita ao Notícias ao Minuto, o utente conta que veio de Angola para ser tratado em Portugal por causa de um quadro clínico relacionado com o estômago.

Ao apresentar-se no Hospital de Braga para ser visto por um médico, realça ainda o paciente, foi "bem recebido" e realizou "uma bateria de exames médicos que nem sabia que existiam".

Quando os resultados chegaram, os médicos disseram-lhe que tinha cancro no estômago e que tinham de lhe remover o órgão.

Passados alguns meses, narra ainda o paciente, um médico do mesmo hospital revelou-lhe que, afinal, não tinha cancro.

O homem fez uma reclamação por escrito, uma vez que, além de ter ficado sem estômago, ficou com "perda de memória", assim como "paralisia temporária nas mãos e pés", entre outros sintomas, mas não obteve a resposta que queria. "Simplesmente disseram-me que os exames apontavam para cancro e que me operaram com base neles", descreve.

Sinais e sintomas de cancro, mas resultados de últimos exames negativos

Contactado pelo Notícias ao Minuto, o Hospital de Braga garante que "o utente em causa foi diagnosticado, por profissionais médicos de outro país, com um tumor gástrico, em dezembro de 2022" e que, cerca de dois meses depois, a 2 de fevereiro de 2023, quando se dirigiu ao Serviço de Urgência de Braga, também tinha "sinais e sintomas que se podiam enquadrar nesse diagnóstico".

Relata ainda a mesma unidade hospitalar que o homem se fazia acompanhar do "resultado de uma endoscopia digestiva alta e de uma biópsia gástrica, realizadas em dezembro de 2022, que indicavam a presença" de um tumor gástrico.

Ainda no Serviço de Urgência do Hospital de Braga, o paciente realizou uma TAC abdominal que, segundo a unidade hospitalar, "mostrou aspetos suspeitos e passíveis de, efetivamente, se enquadrarem no diagnóstico de neoplasia maligna do estômago", ou seja, de ter cancro no estômago.

Perante todos estes sinais, sintomas e resultados de exames, o utente foi referenciado, "de imediato”, segundo o Hospital de Braga, para a consulta externa de Cirurgia Geral, onde foi observado, cinco dias depois, a 7 de fevereiro.

Nesse dia, o paciente terá ainda feito "mais exames", para tentar confirmar o diagnóstico de cancro e é aqui que reside a dúvida, uma vez que os resultados destes últimos exames terão sido "negativos", como assumiu o hospital.

"Não obstante os resultados daqueles meios complementares de diagnóstico terem sido discutidos em Consulta de Grupo Oncológico, perante um diagnóstico com aquela gravidade, apesar dos novos exames aparentarem ser negativos, não poderiam excluir, com certeza a existência de cancro gástrico, sendo que tal só seria possível através de análise de todo o estômago, após realização de cirurgia de resseção (gastrectomia), o que veio a concretizar-se no dia 22 de março de 2023, sem intercorrências", explicou a unidade hospitalar ao Notícias ao Minuto.

Assim, de acordo com o hospital, só com a realização desta intervenção - retirada do estômago – conseguiu concluir-se que, "felizmente, não se tratava de um tumor".

Apesar disso, o hospital descarta qualquer tipo de negligência, uma vez que, vários exames indicavam a presença de cancro no estômago e todos os "procedimentos adotados pelos profissionais médicos do Hospital de Braga foram os adequados face ao risco inerente para o utente".

Afiança ainda a unidade hospitalar que o homem foi "informado e esclarecido" de todo o processo e que este foi avaliado e tratado desde o primeiro episódio "de acordo com as normas de consenso ESMO (European Society for Medical Oncology)".

Além disso, de acordo com o hospital, o homem foi tratado "num tempo de resposta considerado ótimo para este tipo de patologia".

Leia Também: Moçambique com aumento de casos de "doenças tropicais negligenciadas"

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