Calado afasta-se da vida política. 21 dias detido? "Tempo necessário"
No regresso à Madeira, o ex-presidente da Câmara do Funchal agradeceu aos madeirenses pelo o apoio e considerou que o juiz responsável pelo caso fez "um trabalho exemplar". Se um dia for indemnizado pelos 21 dias de detenção, garantiu que irá doar o dinheiro a instituições de caridade.
© GlobalImagens/ASpress/Helder Santos
País Madeira
O ex-presidente da Câmara Municipal do Funchal, Pedro Calado, regressou, este sábado, à região da Madeira, depois de ter estado 21 dias detido em Lisboa, no âmbito de um processo que investiga suspeitas de corrupção. Na chegada ao aeroporto, o político falou num "período difícil" e revelou que se irá afastar da vida política.
"É uma satisfação estar de volta depois deste período difícil para todos. Temos consciência de que a forma como estamos a regressar é bem diferente da forma como saímos daqui no passado dia 24 de janeiro", começou por referir em declarações aos jornalistas, à chegado do Aeroporto da Madeira, agradecendo às "centenas de mensagem de apoio" que recebeu enquanto esteve detido, à sua defesa e às autoridades.
"Estamos convictos e estamos certos de que não cometemos ilegalidades. (...) E isso tem sido demonstrado, isso tem sido afirmado. Nós vamos continuar a manifestar a nossa inocência. Nunca cometemos ilegalidades nos processos, não se misturam amizades com situações profissionais", disse.
O ex-autarca observou que a Madeira tem uma particularidade, é "uma região pequena, com 250 mil habitantes".
"Temos um relacionamento muito diferente daquele que possa acontecer no continente, temos as nossas especificidades, mas também sabemos e temos cabeça para saber honrar aquilo que são os compromissos profissionais e aquilo que são relações de amizade", declarou.
"Entendemos bem todo o trabalho que está a ser desenvolvido pelo Ministério Público (MP). Cada uma das partes está a fazer o seu trabalho e compete-nos a nós apresentar a defesa e justificar tudo aquilo de que fomos acusados", acrescentou.
Pedro Calado considerou que o juiz responsável pelo caso fez "um trabalho exemplar porque teve tempo de analisar tudo o que estava no processo". "Foi um tempo excessivo para todos nós, que nos custou a todos, mas deu tempo para analisar e para verificar tudo o que estava em causa", disse, considerando que a demora pela decisão das medidas de coação "foi um tempo fora do que é normal, mas foi necessário".
"Foi bom terem tempo para analisarem, para questionarem. Houve tempo para esclarecimentos e houve um tempo de reflexão e decisão", frisou.
O ex-autarca do Funchal garantiu que irá "colaborar sempre em todas as questões" e, por isso, considerou que "para bom desenvolvimento do processo" não poderia continuar a exercer funções. "Não quero que nenhuma ação, de cargo político, partidário ou de funções públicas, possa intervir no correto esclarecimento de tudo o que tiver de ser esclarecido", defendeu, acrescentando que "daqui para a frente" não tem intenções de exercer "qualquer cargo político, público ou partidário".
"Não me considero um político profissional. Apenas desempenhei funções públicas durante algum tempo, mas tenho muitos mais anos de vida privada. Neste momento, vou concentrar-me unica e exclusivamente na defesa destes processos", revelou. "Quero afastar-me de tudo aquilo que são funções públicas, partidárias ou políticas".
Recusando prestar declarações sobre o processo, Pedro Calado afirmou que "não está nada decidido" sobre um eventual pedido de indemnização pelo tempo excessivo em que esteve detido, mas anunciou que, "se algum dia houver alguma indemnização, esse dinheiro será todo revertido para associações e instituições de solidariedade social".
"Não vamos ter qualquer benefício com a situação. Foi o tempo que a Justiça demorou. Nós temos de compreender e estamos aqui para colaborar", atirou.
Recorde-se que a Polícia Judiciária (PJ) realizou, em 24 de janeiro, cerca de 130 buscas domiciliárias e não domiciliárias sobretudo na Madeira, mas também nos Açores e em várias zonas do continente, no âmbito de um processo que investiga suspeitas de corrupção ativa e passiva, participação económica em negócio, prevaricação, recebimento ou oferta indevidos de vantagem, abuso de poderes e tráfico de influência.
Na sequência das buscas, o ex-presidente da Câmara do Funchal, Pedro Calado, e os empresários Avelino Farinha e Custódio Correia foram detidos e libertados 21 dias depois.
A investigação atingiu também o então presidente do Governo Regional da Madeira (PSD/CDS-PP), Miguel Albuquerque, que foi constituído arguido e acabou por renunciar ao cargo, o que implicou a demissão do executivo madeirense.
[Notícia atualizada às 14h51]
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