Segundo os dados hoje divulgados pela Polícia de Segurança Pública (PSP), que monitoriza o fenómeno desde 2016, até 2021 este crime tinha uma expressão inferior ou próxima de meio milhar de casos por ano e sobretudo relacionado com arrendamentos de férias, tendo sofrido um agravamento significativo em 2022 e 2023, para o que contribuiu o aumento de burlas no mercado de arrendamento residencial.
"Entre 2016 e 2023 a PSP registou 5.102 denúncias relacionadas com burlas em arrendamentos. Em 2022 foram registadas pela PSP 1.214 ocorrências enquadráveis neste tipo de burla, causando um prejuízo total às vítimas superior a 750 mil euros. Em 2023 registaram-se 1.542 ocorrências com um impacto superior a 1 milhão e 750 mil euros", detalha a PSP.
Os dados desta força de segurança indicam também que foram identificados, desde 2017, "mais de 270 suspeitos pela prática deste crime".
Ainda segundo a mesma informação, "ao longo do mesmo período, a PSP já investigou mais de 250 processos na sequência de denúncias apresentadas, destacando-se o ano de 2023 com mais de 190 processos, distribuídos por todo o território nacional".
"Ressalve-se que o aumento significativo verificado em 2022 se deve à inclusão de ocorrências de burlas no arrendamento que não de casas de férias, passando a ser incluído, desde essa altura, as burlas de falsos arrendamentos de casas que se encontram no mercado normal de arrendamento", explica a PSP sobre os dados.
Em comunicado, a PSP alerta para este crime, cada vez mais aliado ao uso de novas tecnologias, que facilitam reservas e pagamentos sem contactos diretos entre intervenientes, referindo que este é "um tipo de burla em que os inquilinos são levados a pagar, de forma antecipada, o valor do arrendamento ou um sinal, a fim de garantir a reserva do imóvel", sendo comum nestes crimes que "estes imóveis, regra geral, não existem ou já foram arrendados a múltiplas vítimas durante o mesmo período temporal".
Segundo a PSP, "as situações mais comuns" decorrem de pesquisas por imóveis na internet ou nos classificados dos jornais, em que após identificada uma casa, "as vítimas acabam por negociar o arrendamento através de contacto por correio eletrónico ou por telemóvel".
"O pagamento é negociado caso a caso, sobre o qual é efetuada uma transferência bancária ou o envio de cheque ou numerário por correio, conforme indicações expressas do alegado proprietário do imóvel. Este valor reverte inteiramente para os autores deste esquema fraudulento. A vítima perde o sinal que adiantou e não é possível arrendar o imóvel que pensava ter assegurado com este pagamento", descreve a PSP.
Após confirmada a transferência de dinheiro, os burlões costumam desligar todos os contactos associados ao anúncio, ou mantém contactos evasivos com as vítimas, que por vezes só após realizarem a viagem para o destino de férias se apercebem da burla.
"A PSP acompanha este tipo de burlas e faz a coordenação centralizada de todas as investigações deste tipo delegadas na PSP, reforçando desta forma a capacidade de identificar padrões e grupos de autores comuns, uma vez que, tratando-se de burla que tem como instrumento a utilização da internet, tem uma expressão nacional, não se circunscrevendo a geografias específicas", adianta a polícia.
A PSP aconselha o recurso a 'sites' de confiança, a desconfiar de preços abaixo do praticado no mercado, a confrontar as moradas e imagens disponibilizadas no anúncio com os mapas disponíveis, a evitar transferências de dinheiro sem a certeza absoluta que o negócio e o anunciante são legítimos, e a guardar todas as mensagens, emails e comunicações relativas ao arrendamento.
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