O protocolo que vai ser assinado na quinta-feira entre a CP - Comboios de Portugal, a Infraestruturas de Portugal (IP) e a Câmara de Matosinhos dominou a reunião de hoje, com a oposição a levantar dúvidas e a deixar alertas sobre a forma como a reabertura vai acontecer.
O vereador António Parada, do Movimento Independente António Parada, Sim!, abriu o debate lembrando ter o município "perdido milhares de euros" no primeiro arranque do projeto, em 2009, defendendo que este "devia ser interconcelhio", e não se circunscrever a "três freguesias" para além de "dever abranger o turismo".
De acordo com o protocolo a que a Lusa teve acesso, as partes acordam os termos da primeira fase da reativação da Linha de Leixões para passageiros, "entre as estações de Porto-Campanhã e Leça do Balio", com criação de duas novas paragens: Hospital São João e Arroteia (próximo à Efacec).
Para já, as paragens previstas para a Linha de Leixões, circular ferroviária do Porto usada atualmente só para tráfego de mercadorias, são Campanhã, Contumil, São Gemil, Hospital São João, São Mamede de Infesta, Arroteia e Leça do Balio.
No âmbito do cumprimento do protocolo, a CP obriga-se a garantir "o serviço nas novas dependências de Hospital de São João e Arroteia a partir de dezembro de 2024".
Para a vereadora da CDU, Renata Freitas, "é negativo que o protocolo não tenha nenhuma calendarização da segunda fase, sendo completamente omisso quanto à necessidade urgente de ligação a Matosinhos (Estação Senhor de Matosinhos) e a Ermesinde" bem como é "incompreensível que o tratamento dos problemas de mobilidade na Área Metropolitana do Porto continue a ser feito sem uma visão estratégica e regional. Situação ainda mais incompreensível quando se trata de um transporte que deveria servir um concelhos, mas o protocolo é assinado apenas com um".
No mesmo sentido se ouviu a crítica de Bruno Pereira, do PSD, afirmando a "curiosidade" da Câmara de Matosinhos "se envolver sozinha no protocolo" e do "timing em que acontece".
"Lembro-me do arranque da linha em 2009, mas também de não haver apeadeiros (...) e também dos milhares de euros que a autarquia gastou nas limpezas da linha", revelou o autarca, reiterando a importância do novo serviço "para escoar as pessoas que trabalham fora de Matosinhos".
O vice-presidente. Carlos Moura fez a defesa do protocolo, assinalando que "a reativação da linha para passageiros foi objeto de estudo da câmara e da CP" e que, atendendo a que esta é a primeira fase do projeto "fez-se o que foi possível fazer", revelando "não haver material circulante [composições] a mais para ser colocado na Linha de Leixões".
O autarca apresentou ainda números que projetam "uma procura de 445 mil passageiros/ano na Estação do Hospital São João, e de 115 mil na da Arroteia", acrescentando em resposta às dúvidas sobre os gastos avançadas por parte da oposição que "este é o investimento possível e sem o risco verificado no anterior".
O ponto foi aprovado com a abstenção de António Parada.
O serviço de transporte ferroviário de passageiros na Linha de Leixões foi interrompido em 2011, estando a linha inserida numa malha urbana de forte crescimento populacional da Área Metropolitana do Porto, abrangendo parte dos concelhos do Porto, Valongo, Maia e Matosinhos.
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