Na tradicional ginjinha de Natal no Barreiro, onde vem desde que foi eleito em 2016, à exceção dos anos da pandemia de Covid-19, Marcelo Rebelo de Sousa foi questionado se os seus mandatos em Belém foram aquilo que esperava.
"Algumas coisas sim, outras não. Sim, a aproximação do povo. Sim, criar as condições de diálogo que permitiram ao primeiro-ministro durar oito anos e meio. E espero que este dure o resto do meu mandato", afirmou.
Questionado se admite a possibilidade de Luís Montenegro não se manter no cargo até ao final da sua permanência de Belém, o chefe de Estado disse acreditar que tal acontecerá.
"Como, aliás, o anterior teria durado até o fim do meu mandato, se não tivesse tomado a decisão que tomou, a minha função é garantir o mais possível a estabilidade", afirmou, referindo-se ao pedido de demissão de António Costa na sequência do anúncio de uma investigação judicial.
Sobre os aspetos negativos dos seus mandatos em Belém, Marcelo Rebelo de Sousa referiu-se a fatores externos: "Não, não esperava a pandemia, não esperava as guerras. Ninguém esperava as guerras. Não esperava tantas crises económicas durante a pandemia, depois da pandemia, a guerra, a inflação", lamentou.
Já sobre o que espera do próximo ano, o Presidente da República mostrou-me mais otimista sobre a situação interna do que a externa, embora acautelando que Portugal pode ser afetado pelo contexto europeu e mundial.
"Os números deste Governo, até este momento, são favoráveis na balança de pagamentos, no equilíbrio financeiro, no crescimento da economia. Agora, a questão é a seguinte: se o mundo e a Europa se complicarem, vamos ter que aguentar a situação económica cá dentro, é uma economia muito aberta e muito pequena, vai ser difícil. Mas esperemos que haja mais boas notícias do mundo e da Europa", afirmou.
Marcelo Rebelo de Sousa saudou também a herança do anterior executivo do PS, que "deixou uma situação financeira confortável e uma situação económica bastante razoável para aquilo que é a Europa e o mundo".
"Por isso é que foi bom que a sucessão dos dois governos permitisse, por um lado, aprovar o orçamento de 2024, por outro lado, agora aprovar de 2025. Foram duas almofadas de segurança", destacou.
O Presidente da República chegou ao Barreiro cerca das 18:10, ao volante do seu carro, onde foi imediatamente "engolido" por dezenas de pessoas que o aguardavam para tirar "selfies".
Depois de uma paragem para fazer declarações à comunicação social, Marcelo Rebelo de Sousa continuou, de forma muito lenta, o percurso de dezenas de metros que o levaria, hora e meia depois, ao destino final: à Tasca da Galega, para beber a emblemática ginjinha.
"Não posso beber mais que vou a conduzir", afirmou, explicando que, em seguida, iria jantar com os seus netos.
O brinde foi ao Barreiro, ao bispo de Setúbal -- cardeal Américo Aguiar, que tal como no ano passado se juntou no final à tradição presidencial da ginjinha -- e aos portugueses, "cá dentro e lá fora".
"Este Natal, estamos juntos", disse, antes de assegurar que para o ano, o seu último em Belém, voltará ao mesmo local na véspera de Natal.
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