"Útil" e "bom humor". Despedida de Costa em Bruxelas (com 'farpas' à PGR)

António Costa participou esta sexta-feira na sua última cimeira europeia, em Bruxelas, como primeiro-ministro português. Não deixou nada por dizer - e nem a PGR escapou.

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© SAMEER AL-DOUMY/AFP via Getty Images

Daniela Carrilho
22/03/2024 19:43 ‧ 22/03/2024 por Daniela Carrilho

País

António Costa

Foi a derradeira 'hora de despedida' de António Costa como primeiro-ministro português em Bruxelas. Estava no cargo desde novembro de 2015 era considerado um dos mais experientes entre os seus homólogos da União Europeia (UE). E, desde então, é o representante de Portugal no Conselho Europeu, onde esta sexta-feira esteve presente para a sua última reunião.

Nesse encontro, António Costa falou sobre o papel na Europa nos grandes desafios dos últimos anos e as previsões de crescimento económico de Portugal e deixou umas 'farpas' ao governo do Partido Social Democrata (PSD) de Passos Coelho e à atuação da Procuradoria-Geral da República (PGR).

"A Europa podia ter feito mais"

António Costa considerou que a UE "podia ter feito mais" e disse esperar que no futuro a sua voz continue "a ser ouvida e a ser clara".

No entanto, salientou que "conseguimos gerir a crise migratória, em 2015, a covid-19, enfrentar a guerra, a crise energética e, ao mesmo tempo, relançámo-nos em duas transições que são um enormes desafios para as nossas sociedades".

Ainda assim, a UE ainda vai deparar-se com "desafios constantes e permanentes", decorrentes, por exemplo, das alterações climáticas, "na agricultura, na indústria automóvel, em vários setores de atividade", e reconheceu que a União Europeia tem de encontrar "mecanismos para poder responder".

Na despedida em Bruxelas, Costa afirma: "A Europa podia ter feito mais"

António Costa considerou hoje, na sua última reunião do Conselho Europeu enquanto primeiro-ministro, que a União Europeia (UE) "podia ter feito mais" e disse esperar que no futuro a sua voz continue a ser ouvida.

Lusa | 14:30 - 22/03/2024

Economia? "Boas notícias" para o futuro do país

O primeiro-ministro cessante, António Costa, considerou hoje que as previsões de crescimento da economia portuguesa, divulgadas pelo Banco de Portugal, são "boas notícias" e defendeu que os portugueses podem ter expectativas positivas sobre o futuro.

O Banco de Portugal reviu hoje em alta a previsão de crescimento das exportações este ano, para 3,5%, apesar da desaceleração face ao ano anterior, com o turismo a manter um dinamismo superior. 

Previsões de crescimento económico? "Boas notícias" para futuro do país

O primeiro-ministro cessante, António Costa, considerou hoje que as previsões de crescimento da economia portuguesa, divulgadas pelo Banco de Portugal, são "boas notícias" e defendeu que os portugueses podem ter expectativas positivas sobre o futuro.

Lusa | 15:07 - 22/03/2024

Dever é transmitir confiança e "outros não o fizeram"

António Costa também defendeu que é o "dever de qualquer primeiro-ministro" transmitir confiança no país em contexto internacional e que nunca faria "o contrário", recordando que, no passado, "outros não o fizeram" quando assumiu funções. 

"Nunca me passaria [pela cabeça] fazer o contrário e em particulares condições e com facilidade de o poder fazer [transmitir confiança em Portugal], sempre o faria, mas faço-o também não esquecendo que outros não o fizeram quando assumi funções e sei bem o que é que isso teve de custo para o país, teve custo para a ação governativa", completou, atirando 'farpas' ao seu antecessor Pedro Passos Coelho.

Primeiro-ministro? Dever é transmitir confiança e "outros não o fizeram"

António Costa defendeu hoje que é o "dever de qualquer primeiro-ministro" transmitir confiança no país em contexto internacional e que nunca faria "o contrário", recordando que, no passado, "outros não o fizeram" quando assumiu funções.

Lusa | 16:10 - 22/03/2024

PGR? "Quando a Justiça pretender falar comigo, sabe onde estou"  

Costa foi questionado sobre as últimas declarações de procuradora-geral da República, Lucília Gago, que afirmou que o caso de Costa pode descer do Supremo Tribunal de Justiça para o Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), e deixou claro que não fala com a Justiça através da comunicação social.

"Já tive ocasião de explicitar que quando a Justiça pretender falar comigo, sabe onde eu estou, sabe o meu número de telefone. Não falo com a justiça através da Comunicação Social", atirou.

PGR? "Quando a Justiça pretender falar comigo, sabe onde estou"

Costa participou hoje na sua última cimeira europeia como primeiro-ministro.

Andrea Pinto com Lusa | 13:40 - 22/03/2024

Recorde-se que o socialista abandona o cargo depois de ter visto o seu nome envolvido no âmbito da 'Operação Influencer'.

A Operação Influencer levou à detenção de Vítor Escária, chefe de gabinete de António Costa; Diogo Lacerda Machado, advogado, consultor e amigo do primeiro-ministro cessante; dos administradores da empresa Start Campus Afonso Salema e Rui Oliveira Neves; e do presidente da Câmara de Sines, Nuno Mascarenhas, que o juiz colocou em liberdade após interrogatório judicial.

Além destes, há outros quatro arguidos no processo, incluindo o agora ex-ministro das Infraestruturas João Galamba, o presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, Nuno Lacasta, o advogado, antigo secretário de Estado da Justiça e ex-porta-voz do PS João Tiago Silveira e a empresa Start Campus.

O processo está relacionado com a produção de energia a partir de hidrogénio em Sines, Setúbal, e com o projeto de construção de um centro de dados (Data Center) na zona industrial e logística da Start Campus.

O primeiro-ministro, António Costa surgiu associado a este caso e foi alvo da abertura de um inquérito no MP junto do Supremo Tribunal de Justiça, situação que o levou a pedir a demissão e o Presidente da República marcou eleições para 10 de março.

Charles Michel despede-se: "Obrigado, caro António, e felicidades"

O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, deixou um sentido agradecimento a Costa - e até escreveu umas palavras em português.

"Caro António Costa, sentiremos falta do teu bom humor e da tua capacidade de resolução de problemas, [que foram] muito úteis durante as 74 cimeiras em que participaste. Obrigado caro António e felicidades", escreveu Charles Michel, numa publicação na rede social X (antigo Twitter).

Michel deixou, entretanto, rasgados elogios ao nosso primeiro-ministro demissionário, salientando que é "muito pragmático, concreto e funcional" e "alguém que pode ser muito útil na dinâmica de equipa, com várias personalidades e vários contextos", salientando que Costa "foi sempre útil para tentar encontrar soluções comuns",

"Conheço António Costa há mais de oito anos. Temos experiências comuns nestas reuniões do Conselho Europeu [...] e ele é alguém extremamente sincero em termos das suas convicções europeias", enfatizou Charles Michel.

Charles Michel lembra Costa como "muito útil para soluções comuns"

O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, disse hoje que António Costa foi, nestes oito anos em que representou Portugal nas cimeiras europeias, "muito útil para tentar encontrar soluções comuns" entre os líderes da União Europeia (UE).

Lusa | 16:08 - 22/03/2024

Leia Também: Costa em Paris na última visita ao estrangeiro como primeiro-ministro

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