A líder europeia recebeu hoje o título de doutor 'Honoris Causa', atribuído pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP), da Universidade de Lisboa, uma distinção que disse receber como "uma responsabilidade de continuar a defender a Europa".
"Como um ímpeto renovado para avançar na defesa dos nossos valores europeus comuns de liberdade, democracia, igualdade e justiça - que, porventura com demasiada frequência, tomamos por garantidos. E que estão a ser cada vez mais ameaçados", afirmou, durante a cerimónia.
Por outro lado, Metsola acentuou que "vivemos tempos difíceis".
"Mas, como diz o ditado português: 'O ferro mais forte é forjado no fogo mais quente'. É por isso que defendo que a Europa está mais forte do que nunca. Por causa e não apesar dos desafios que se nos depararam", sublinhou a presidente do Parlamento Europeu.
"As crises que enfrentámos tornaram-nos mais resistentes, mais determinados e mais unidos do que alguma vez fomos. Os nossos valores são mais importantes e emergem mais fortes, mesmo quando são postos à prova como em poucas outras alturas da nossa história", considerou.
A política maltesa sublinhou ainda: "Nos últimos anos, a nossa fé no nosso projeto, nos nossos valores, foi posta à prova muitas vezes. Mas a Europa enfrentou o momento e manteve-se firme".
Metsola elencou várias crises que a Europa enfrentou nos últimos anos, como o combate à pandemia de covid-19, a ajuda à Ucrânia perante a "guerra ilegal da Rússia" ou a procura do "desanuviar das tensões no Médio Oriente", e destacou iniciativas da União Europeia (UE) como a "construção de uma verdadeira união europeia de segurança e defesa", o futuro alargamento à Ucrânia, Moldova, Geórgia e Balcãs Ocidentais, a aprovação do pacto em matéria de asilo e migração ou a transição verde.
"Juntos, nos últimos cinco anos, demos também às novas gerações a oportunidade de viajar, estudar, trabalhar, criar empresas, investigar e inovar num grande espaço de liberdade. Graças ao financiamento da UE, estamos a dar aos jovens de toda a Europa a oportunidade de viverem de acordo com o seu pleno potencial", sublinhou.
Roberta Metsola admitiu, porém, que a União Europeia "não é perfeita".
"Temos também de ser honestos quanto aos aspetos em que poderíamos ter feito melhor. Onde poderíamos ter escutado mais e com mais atenção. Onde as frustrações dos nossos processos afastaram as pessoas. Onde fomos demasiado longe e demasiado depressa. Onde talvez não tenhamos ido suficientemente longe", reconheceu.
A responsável alertou que na Europa "há ainda demasiadas pessoas que lutam para chegar ao fim do mês" e "são ainda demasiadas as empresas que lutam para inovar, sufocadas por demasiada burocracia e excesso de burocracia".
"Se formos honestos, estaremos a lutar contra aqueles que vendem uma falsa narrativa e tentam minar os nossos processos democráticos", salientou, defendendo que é preciso que "as pessoas acreditem".
"Compreendo que estamos a viver numa época em que é mais fácil juntarmo-nos aos pessimistas, em que é mais popular ajudar a destruir do que ajudar a construir, em que é mais difícil navegar através do bombardeamento constante dos meios de comunicação social nos nossos sentidos. Mas o nosso caminho, o caminho da Europa, está sob pressão. E não podemos tomar como garantido o que já temos", sublinhou.
A presidente do Parlamento Europeu prossegue hoje a sua visita a Portugal, que tem como principal objetivo combater a abstenção nas próximas eleições europeias, agendadas para junho, com encontros com o primeiro-ministro, Luís Montenegro, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e o presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco.
[Notícia atualizada às 13h01]
Leia Também: Metsola e Pedro Nuno trocam presentes sobre Mário Soares na sede do PS