25 Abril. Jovens cabo-verdianos querem tirar mais vantagens da liberdade

Jovens cabo-verdianos ouvidos pela Lusa reconhecem a importância do 25 de Abril de 1974, mas pedem mais atividades relacionadas com a data e, de uma forma mais genérica, querem tirar maior proveito das vantagens de uma sociedade livre.

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Lusa
20/04/2024 08:34 ‧ 20/04/2024 por Lusa

País

25 Abril

"Penso ser necessário que os jovens tenham mais noção da sua liberdade e do seu poder", afirmou à Lusa Ivan Moreira, membro do Jovens pela Paz, um movimento mundial que nasceu no seio da comunidade católica de Sant´Egídio para trabalhar na promoção da paz e mediação de conflitos, e que foi formalizado em Cabo Verde em 2013.

O jovem, de 28 anos, referiu que o direito à manifestação não é oprimido no país, mas considerou que muitas vezes é "negligenciado" pelos mais novos, e ainda há uma "consciência superficial" da liberdade.

Ivan Moreira deu o exemplo de situações que afetam as comunidades, sem que ninguém reivindique os seus direitos.

Neste sentido, incentivou os jovens a terem uma "visão muito crítica" da sociedade e "pensar pelas suas próprias cabeças", tal como dizia Amílcar Cabral, histórico líder da luta pela libertação da Guiné-Bissau e de Cabo Verde.

O movimento, com 30 membros, quer ajudar a reforçar a consciência da liberdade e combater a violência em bairros da capital, Praia, onde realiza atividades de sensibilização com crianças e jovens e com idosos.

Noutro ponto da cidade, Adérito Tavares, 35 anos, um dos membros do movimento social "Korrenti di Ativista", considerou que o 25 de Abril é uma data que "precisa ser esmiuçada", explicando que muitas pessoas ainda isolem a revolução dos cravos dos outros acontecimentos que fazem parte do mesmo percurso histórico.

"Acho que se deve pesquisar mais, criar material, revistas ou programas de televisão à volta disso", sugeriu o membro da organização não-governamental de associações que intervêm junto das crianças e jovens dos bairros mais desfavorecidos da cidade da Praia.

Adérito considerou que, meio século depois, "é impensável" pensar no estado de desenvolvimento do país sem falar do 25 de Abril, mas entendeu que Cabo Verde "poderia estar melhor", sobretudo no que diz respeito à liberdade, onde há uma "consciência fraca".

O dirigente associativo criticou a "bipolarização" política no arquipélago, em torno do Movimento para a Democracia (MpD) e o Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV).

"O eleitor ainda nem tem consciência do que é o voto em branco", lamentou o jovem, que lamentou a "pouca cultura" democrática e a "memória da repressão" que ainda persiste no arquipélago.

"Queremos independência, mas continuamos dependentes e vulneráveis", constatou, por sua vez, Lenine Mendes, presidente da Associação dos Jovens Empresários cabo-verdianos (AJEC), criada em 2009, e com mais de 100 associados.

Para o jovem empresário, o 25 de Abril de 1974, e, depois, a independência do país face a Portugal, no ano seguinte, trouxe "novas oportunidades", mas surgiram vários desafios para os jovens empreendedores jovens, como a falta de recursos e de infraestruturas.

Tudo isto "juntamente com a dependência da ajuda externa", completou o líder associativo à Lusa, reconhecendo que os sucessivos Governos de Cabo Verde têm feito várias ações para apoiar a internacionalização dos jovens empresários, mas muitas delas sem o efeito desejado.

"Senão, os jovens não estariam com fome de emigração", explicou o empresário praiense, de 37 anos, entendendo que o 25 de Abril e a independência tiveram um "impacto significativo" do desenvolvimento económico do país, mas este continua dependente do turismo, que representa 25% do Produto Interno Bruto (PIB).

"Temos ainda muito a fazer e o empresário jovem pode ser visto como [alguém que vive] uma mistura de oportunidades e de desafios", concluiu o presidente da AJEC.

Leia Também: Cabo Verde e EUA assinam "acordo inicial" para concessão de financiamento

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