"Os quatro detidos só foram hoje identificados no Tribunal da Comarca, onde serão sujeitos a interrogatório", adiantou à Lusa o juiz Filipe Câmara.
O responsável salientou que "o primeiro interrogatório foi interrompido devido a greve às horas extraordinárias dos funcionários judiciais e deverá continuar amanhã".
Filipe Câmara disse desconhecer as razões que levaram à alteração dos planos nesta operação, porque estava previsto os detidos serem deslocados para Lisboa para interrogatório.
"Não são [os motivos] do meu conhecimento", sublinhou.
Segundo uma nota do Ministério Público, cinco pessoas foram detidas na terça-feira na Madeira e na região de Lisboa, num processo de alegada fraude contra o Estado no subsídio social de mobilidade estão indiciados por associação criminosa, burla qualificada, falsificação de documentos e branqueamento de capitais.
A mesma informação refere que este inquérito tinha já onze arguidos constituídos, um deles em prisão preventiva, e que a investigação prosseguia sob direção do Ministério Público do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Loures, com a coadjuvação da Polícia Judiciária (PJ).
Por seu turno, a PJ anunciou que deteve hoje cinco pessoas e fez 71 buscas numa operação focada na Região Autónoma da Madeira e na Área Metropolitana de Lisboa, que visou uma fraude ao Estado através do subsídio social de mobilidade, num valor superior a meio milhão de euros.
De acordo com o comunicado policial, as buscas domiciliárias e não domiciliárias ocorreram em Lisboa, Loures e na Madeira, em especial nos concelhos do Funchal, de Santa Cruz e de Câmara de Lobos, e constituíram uma segunda iniciativa na Operação Rota do Viajante, cujo inquérito está a cargo do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Loures.
"A investigação apurou que os arguidos, com o objetivo de obterem avultados proveitos económicos ilegítimos, decidiram desenvolver um esquema criminoso com o objetivo de obterem lucros ilegítimos através do subsídio social de mobilidade, relacionados com centenas de viagens inexistentes, no valor global de reembolsos indevidos superior a meio milhão de euros", lê-se na nota divulgada.
A PJ esclarece ainda que o plano destes elementos passava pela "angariação de residentes" da Madeira, "a quem eram fornecidos documentos necessários ao levantamento deste subsídio e previamente falsificados, como passagens áreas, bilhetes e reservas, faturas e recibos".
Depois, essas pessoas eram acompanhadas por elementos da rede criminosa e apresentavam a documentação em estações dos CTT no continente para receber o reembolso do Estado.
"A associação criminosa agora desmantelada demonstrava elevados índices de organização, com diferentes níveis hierárquicos, sendo composta por falsificadores, recrutadores e ou angariadores e controladores", referiu a Judiciária.
Estava previsto os detidos, que têm entre 23 e 55 anos, serem presentes a um juiz no tribunal de instrução criminal de Loures, o que não se concretizou.
Para esta operação foram mobilizados para esta operação elementos da Unidade Nacional de Combate à Corrupção e do Departamento de Investigação Criminal da Madeira, contando ainda a PJ com o apoio da Força Aérea Portuguesa ao nível logístico e de transporte de arguidos e prova apreendida.
Leia Também: Madeira: Dezasseis reclusos requereram documentação para votar