O acordo de cooperação técnico militar entre São Tomé e Príncipe e a Rússia, que prevê a participação em exercícios militares bem como a visita de navios de guerra e aviação militar, não irá afetar a relação entre Portugal e São Tomé.
Aliás, fonte do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE), confirmou ao Notícias ao Minuto, tal como já tinha avançado a CNN Portugal, que o Governo não só prevê manter a "cooperação bilateral" com São Tomé, como planeia intensificá-la.
"Portugal tem há décadas uma cooperação multifacetada, intensa e sustentada com São Tomé e Príncipe, como com a Guiné-Bissau e outros países lusófonos. A defesa e segurança são pilares dessa cooperação bilateral que se mantém e intensificará, com particular destaque para a segurança marítima no Golfo da Guiné, em que tanto Portugal como a União Europeia têm avançando com apoios concretos, negociados com os países da região, para lidar com os desafios que estes atualmente enfrentam", realçou fonte do MNE.
Sobre o acordo celebrado entre São Tomé e Rússia, o MNE recusa comentar, salientando que "a CPLP é uma organização de Estados soberanos, baseada na igualdade e no respeito mútuo, em que, em regra, não se fazem pronunciamentos públicos sobre atos de política externa de cada um dos seus Estados membros".
O MNE realça ainda que "os objetivos da CPLP são os que constam dos respetivos estatutos, valem por si e continuam a ser prosseguidos dia-a-dia pelos seus membros".
Recorde-se que o primeiro-ministro de São Tomé, Patrice Trovoada, defendeu o acordo militar com a Rússia, argumentando que este tem o mesmo formato que outros previamente assinados com outros parceiros.
Segundo a agência noticiosa russa Sputnik, que cita o documento, o acordo "contribui para fortalecer a paz e a estabilidade internacional" e permite a São Tomé e Príncipe receber apoio no campo da educação e da formação pessoal, assim como apoio logístico e partilhar informações "no âmbito do combate à ideologia extremista".
Além disso, é celebrado por "tempo indefinido" e prevê formação, utilização de armas e equipamentos militar assim como visitas de aviões, navios de guerra e embarcações russas ao arquipélago, o que já levou a oposição são-tomense a reagir.
"Trata-se de um acordo que em momento nenhum ouvimos qualquer comunicado do Conselho de Ministros a fazer alusão. Um acordo desta envergadura, numa área bastante sensível e atendendo o contexto mundial neste momento, penso que exige interação entre os vários órgãos de soberania", afirmou Jorge Bom Jesus.
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