O novo provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa toma posse esta segunda-feira, depois de quase um mês de impasse na instituição.
Recorde-se que a administração da Santa Casa de Lisboa foi exonerada a 29 de abril passado, tendo a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social justificado a decisão de afastar Ana Jorge e a sua equipa por uma "total inação" face à situação financeira na instituição e por não ter um plano de reestruturação para a inverter, tendo ainda acusado a Mesa destituída de se ter beneficiado a si própria com aumentos salariais.
Ana Jorge tomou posse a 2 de maio de 2023, escolhida pelo anterior Governo socialista de António Costa, e herdou uma instituição com graves dificuldades financeiras, depois dos anos de pandemia e de um processo de internacionalização dos jogos sociais, levado a cabo pela administração do provedor Edmundo Martinho, que poderá ter causado prejuízos na ordem dos 50 milhões de euros
Na semana passada, a ministra do Trabalho, Maria do Rosário Ramalho, acusou a provedora exonerada da Santa Casa de Lisboa "de ter encontrado um cancro financeiro, mas que tratou com paracetamol", apontando que a situação financeira piorou com Ana Jorge.
No mesmo dia, o Governo anunciou a escolha do economista Paulo Alexandre Sousa para próximo provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, justificando o nome escolhido com a experiência em gestão e na área social.
A escolha gerou imediatamente polémica, com os órgãos de comunicação social a noticiar que a Paulo Alexandre Sousa tinha sido inibido, há quatro anos, pelo Banco Central de Moçambique, de exercer cargos sociais e funções de gestão em instituições de crédito e sociedades financeiras durante três anos.
O PS questionou, na sexta-feira, o Governo sobre o caso relativo à inibição que existiu sobre o economista e se isso afeta a idoneidade, capacidade e competência do novo provedor.
Paulo Alexandre Sousa vai assumir um mandato de três anos, até 2027. O economista, de 56 anos, tem formação em Gestão de Empresas, pelo Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG), tendo passado pela banca, nomeadamente enquanto presidente da comissão executiva do Banco Comercial e de Investimentos, S.A e pela Direção Central de Financiamento Imobiliário da Caixa Geral de Depósitos (CGD).
Internacionalmente, entre 2013 e 2019 representou os interesses da CGD em Moçambique, tendo sido também representante de Portugal na Comité de Assuntos Económicos, no âmbito da Federação Hipotecária Europeia.
"Tem também experiência na área social, tendo sido vice-presidente da Cruz Vermelha Portuguesa, fazendo parte da direção do núcleo da Costa do Estoril durante dois mandatos. Voltou, no presente mandato, a integrar a referida direção. Possui experiência em matérias relacionadas com o setor imobiliário, tendo sido responsável pela criação do Mercado Social de Arrendamento", adiantava o comunicado do Governo que dava conta da nomeação.
Ainda no setor imobiliário esteve ainda à frente da gestão de um fundo de desenvolvimento urbano, tutelado pelo Instituto de Habilitação e Reabilitação Urbana e pela CGD.
Tem também experiência na docência no ensino superior, áreas da Matemática, Marketing Financeiro, Gestão e Imobiliário.
Paulo Alexandre Sousa vai assumir o cargo pelas 17h30, nas instalações da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. O primeiro-ministro, Luís Montenegro, vai marcar presença na cerimónia.
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