No documento subscrito por 65 académicos, defende-se que a atenção ao que se passa em Gaza "é uma prioridade ética", pois "ensina a resistir, mesmo se em condições inimagináveis, aos intentos colonizadores e neoimperialistas" ao mesmo tempo que "elucida, sobre o quanto mais fortes que a repressão podem ser as ideias e o saber que continuarão resistentes mesmo debaixo dos bombardeamentos contínuos de já há longos sete meses".
"Já depois de destruídas todas as universidades em Gaza, como exemplo de resistência, fomos surpreendidos recentemente com uma prova de mestrado a ser efetuada no interior de uma tenda, num campo de refugiados. Esse exemplo é toda uma lição de resistência", assinalam.
E prosseguem: "deixem-nos, então, ensinar e partilhemos o ensinamento com a nossa solidariedade e com a capacidade emancipadora que ele nos oferece".
Neste contexto, exigem à "Universidade do Porto que não tenha relacionamento com o Estado de Israel, com empresas e instituições israelitas, ou em que estas estejam envolvidas, que, de qualquer forma, contribuam para a ocupação da Palestina e para a prossecução da guerra contra o Povo Palestiniano, e que denuncie acordos de colaboração que tem com as Universidades de Israel".
No sentido contrário, proclamam "a necessidade de criar e intensificar a cooperação com as instituições de ensino e de investigação palestinianas, num compromisso que a U. Porto deve assumir com o direito à educação, à liberdade de investigação científica e à ciência como instrumento de progresso e de paz", exigindo também "uma política de transparência relativamente a este assunto para que os subterfúgios e equívocos não possam ser mais evocados", lê-se ainda.
"Enquanto docentes, investigadoras e investigadores de uma universidade, da Universidade do Porto, queremos, também, dizer aos nossos colegas, aos estudantes, e ao Povo Palestiniano em geral, que estamos absolutamente solidários e que estaremos a seu lado na sua luta anticolonial, pela sua libertação e pela criação digna de um Estado que lhes permita finalmente viver em paz, depois de décadas de violência colonial sionista".
Alguns dos subscritores deste documento apelaram na segunda-feira, também em carta aberta, à não utilização de meios policiais contra os estudantes pró-Palestina então em protesto na Faculdade de Ciências.
O conflito em curso na Faixa de Gaza foi desencadeado pelo ataque do grupo islamita Hamas em solo israelita de 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e duas centenas de reféns, segundo as autoridades israelitas.
Em resposta, Israel lançou uma ofensiva militar em grande escala na Faixa de Gaza, que já provocou acima de 35 mil mortes, na maioria civis, de acordo com as autoridades locais controladas pelo Hamas, e deixou o enclave numa situação de grave crise humanitária.
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