De acordo com o plano, apresentado hoje, no final de 2025, Lisboa passará de uma rede ciclável com os atuais 173 quilómetros para um total de 263, estando prevista a construção de mais 56 ciclovias de ligação, com o objetivo de "melhorar e ligar melhor a infraestrutura já construída na cidade", disse o vice-presidente da autarquia, Filipe Anacoreta Correia.
"Estamos a falar num conjunto de 13 milhões de investimento, mais de 90 quilómetros, e estamos a incluir pela primeira vez uma dotação orçamental também para a manutenção" de ciclovias, no valor de 1,7 milhões de euros, disse, salientando que a manutenção começa já este mês a ser assegurada através da EMEL.
Também as estações de bicicletas Gira, que atualmente são de 150, serão 190 no final de 2025, com 1.900 bicicletas, das quais 1.800 elétricas, e chegarão a todas as 24 freguesias.
No plano estão ainda incluídos dois milhões de euros para ligar escolas à rede ciclável, além dos 400 mil euros que a autarquia recebeu como apoio financeiro do Programa BICI Bloomberg para fazer a ligação de ciclovias a 20 escolas, com uma abrangência de 20 mil alunos.
Segundo Anacoreta Correia, a autarquia está a procurar agora trabalhar para melhorar as fragilidades detetadas, mas depois desta fase irá expandir a rede.
"Acredito que, no primeiro semestre do próximo ano, nós possamos avançar para uma outra fase. Ultrapassadas as fragilidades e as debilidades que estão identificadas na infraestrutura existente, nós podemos caminhar para um crescimento para além desta infraestrutura", disse.
O plano ciclável faz parte de uma promessa eleitoral da coligação Novos Tempos, e teve por base uma auditoria à rede da cidade, realizada pela empresa Copenhagenize, cujo relatório intercalar tinha sido já divulgado em outubro.
Segundo a auditoria, a Avenida Almirante Reis, a Avenida 24 de julho e a Rua Prof. Pinto Peixoto (no Beato) são as vias com mais problemas de segurança.
"Ou seja, todos os dados de acidentes e de sinistralidade comprovam que, efetivamente - e está também no relatório -, a Avenida Almirante Reis levanta problemas de segurança", salientou, revelando que ainda durante este semestre a Câmara de Lisboa apresentará alterações ao desenho da ciclovia desta avenida.
O autarca avançou que o desenho da ciclovia da Almirante Reia vai ser alterado "significativamente", mas foi tido o cuidado de "repensando o espaço público no seu conjunto".
"O nosso objetivo é manter, de alguma forma, nas vias estruturantes, a compatibilização entre a rede rodoviária e a ciclável, mas, de facto, introduzir alterações muito significativas e que, em grande medida, respondem a vários dos aspetos que são assinalados também na auditoria em termos de segurança", sublinhou.
A auditoria detetou falhas graves na rede ciclável da cidade, nomeadamente 30 cruzamentos com problemas, muitas descontinuidades nas ciclovias e falhas na ligação a 121 escolas e cinco universidades.
Um inquérito a utilizadores revelou que dois terços dos inquiridos se sentem inseguros ou muito inseguros em cruzamentos, a maioria vê a rede de Lisboa como descontínua e a maior parte considera insuficiente a proteção contra o tráfego motorizado e que ainda há muitos locais inacessíveis de bicicleta, nomeadamente sem estações GIRA.
De uma forma geral, existe um bom desempenho da rede na ligação ao Metro e aos comboios, mas com oportunidades de melhoria, revelou a auditoria.
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