Em causa estão declarações recentes do presidente da ANEPC, Duarte da Costa, em entrevista à TSF e Diário de Notícias no sábado, em que recusa a possibilidade de um comando nacional para os bombeiros, uma reivindicação antiga da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) e que é contemplada no programa eleitoral da AD.
Numa reunião do Conselho Nacional Operacional de Bombeiros na terça-feira, os comandantes admitiram "repensar a sua disponibilidade para as escalas do Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais (DECIR) e para o exercício de funções de ligação nas estruturas da ANEPC, caso não haja, em breve, resposta do Governo" a demarcar-se da posição de Duarte da Costa, afirmou à Lusa, o presidente da LBP, António Nunes, que lamentou as críticas feitas aos voluntários.
Muitos dos comandantes "são solicitados para ir trabalhar para a autoridade" e para as salas de operações, afirmou António Nunes, acusando Duarte da Costa de na entrevista ter tentado "denegrir a imagem dos bombeiros e a forma de estar dos bombeiros".
"O Governo tem que nos explicar o que é que está em cima da mesa, se é a visão [do presidente da ANEPC] expressa naquela entrevista pormenorizada sobre o futuro dos bombeiros ou se é o que vale o programa do Governo", que previa as reivindicações da Liga.
Em causa está o que a LBP espera do executivo, porque há um desgaste estrutural nas corporações, que leva a que "os bombeiros estejam cansados", devido a questões como "não terem uma carreira e não terem um estatuto remuneratório, o subfinanciamento das associações ou não distribuição de viaturas".
"Há um problema estrutural de cortes sobre cortes e estas declarações mostram que o atual presidente da ANEPC quer continuar essa política", disse António Nunes, lembrando que o antigo Serviço Nacional de Bombeiros funcionou até meados da década de 2000 e já existe um histórico que deveria ser respeitado pelo Governo.
"Nós queremos um comando nacional operacional de bombeiros que nos equipare às outras estruturas", afirmou o presidente da LBP, admitindo que esta solução "nunca será um comando completo", porque há questões disciplinares, doutrinação ou instrução que dependem de outras hierarquias.
"O que nós queremos é um comando operacional. Os bombeiros não querem depender de alguém que está numa autoridade, sem uma estrutura que nos inclua. Se esse comando passa por uma inspeção como era no Serviço Nacional de Bombeiros, com funções de comandante operacional ou se passa por comandantes operacionais permanentes, se é distrital ou regional ou se é outra coisa, isso podemos e devemos discutir", adiantou.
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