"Até à data, apenas cinco países pagaram, de entre 20 contribuintes. São eles a Dinamarca, Alemanha, Portugal, Países Baixos e Canadá", disse o enviado especial do governo checo para a Ucrânia, Tomás Kopecny, no dia em que arranca na República a reunião informal dos ministros dos Negócios Estrangeiros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO).
Num encontro em Praga com alguns jornalistas europeus, incluindo a agência Lusa, o responsável avançou que "o problema é o dinheiro e a vontade política", falando em necessidades ucranianas de sete a 10 mil milhões de munições por ano.
Vincando que a questão das munições é "o mais crítico na defesa ucraniana", Tomás Kopecny especificou que, dos 20 países contribuintes, cinco já pagaram a sua contribuição na totalidade (como Portugal), 10 fizeram apenas pagamentos parciais e cinco manifestaram interesse, mas ainda não fecharam acordos.
Questionado pela Lusa, o ministro checo dos Negócios Estrangeiros, Jan Lipavský, agradeceu a Portugal "por fazer parte da iniciativa e por estar avançado".
"Estes são acordos difíceis. Estamos maioritariamente a comprar fora da Europa e, por isso, demora algum tempo, mas posso avançar já que muito em breve haverá entregas físicas à Ucrânia", anunciou o chefe da diplomacia checa aos jornalistas no arranque da reunião informal dos ministros dos Negócios Estrangeiros da NATO, em Praga, especificando que essa mobilização avançará a partir de meados de junho.
Fonte do Ministério dos Negócios Estrangeiros confirmou à Lusa que Portugal fez o pagamento a 24 de abril.
Em março passado, o Governo português (o anterior, de maioria socialista, com acordo do PSD) anunciou que iria integrar a iniciativa da República Checa de fornecer meio milhão de munições à Ucrânia, paralela à iniciativa da União Europeia.
Os ministros dos Negócios Estrangeiros da NATO reúnem-se hoje e sexta-feira de maneira informal em Praga para preparar a cimeira de julho, com a discussão a ser dominada pelas limitações impostas ao uso de armamento ocidental pela Ucrânia.
O ministro dos Negócios Estrangeiros português, Paulo Rangel, participa na reunião, assim como o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken.
Na última semana o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, fez um apelo para que o país possa utilizar armamento disponibilizado pelo Ocidente para atingir posições militares no território russo.
Questionado hoje sobre esta utilização, o ministro checo Jan Lipavský afirmou aos jornalistas que "a República Checa não tem qualquer problema em que a Ucrânia se defenda contra o agressor [...], também através de ataques que têm necessariamente de ocorrer em território russo".
Esta terça-feira, o ministro português da Defesa, Nuno Melo, considerou que "qualquer pessoa normal" compreenderia a utilização de armamento por parte da Ucrânia, em "ações defensivas", contra alvos militares em território russo, uma posição pessoal que disse não comprometer o Governo.
A questão está longe de ser consensual e há vários países do bloco político-militar que querem continuar a limitar a utilização do armamento ocidental à defesa ucraniana no seu próprio território.
Ataques ao território russo com armamento fornecido pelo Ocidente poderiam ser interpretados pelo Kremlin como um envolvimento direto no conflito e levar a uma escalada.
Nesta reunião informal, que termina na sexta-feira, espera-se que "os Aliados adotem uma abordagem comum para conter a Rússia" e enviem "uma mensagem forte a Moscovo", já a pensar na cimeira de julho, adiantou Jan Lipavský.
A invasão russa do território ucraniano foi lançada a 24 de fevereiro de 2022.
[Notícia atualizada às 13h19]
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