A mãe das gémeas luso-brasileiras que receberam tratamento no Hospital de Santa Maria confirmou, na sexta-feira, que pretende comparecer na comissão parlamentar de inquérito, no dia 21 de junho, "se as meninas estiverem estáveis". Daniela Martins garantiu não ter "nenhum" receio de ser constituída arguida no processo. "Não fiz nada de errado", afirmou.
Em entrevista à RTP, Daniela Martins considerou "absurdas" as suspeitas de que terá encenado viver em Portugal para acelerar o tratamento às filhas. "É sabido que eu não morava em Portugal antes do tratamento das meninas", disse. Daniela Martins lembrou que morou depois em Portugal, onde as filhas foram acompanhadas por diversas equipas médicas.
A mulher garantiu não ter tido qualquer comportamento criminoso. "Os meus pedidos sempre foram públicos. As meninas tiveram acesso ao que tinham direito por lei e não há nenhum crime nisso", reforçou.
Daniela Martins negou qualquer contacto do Ministério Público, mas revelou que a Polícia Judiciária esteve na casa onde morava em Portugal onde não conseguiu entrar por a habitação estar arrendada a outras pessoas.
A mãe das gémeas luso-brasileiras negou também qualquer contacto com Nuno Rebelo de Sousa, filho do Presidente da República, e com o antigo secretário de Estado Lacerda Sales. Daniela Martins afirmou estar de consciência tranquila e garantiu ter "mais a perguntar que a responder".
A mulher referiu ainda não entender como é que a "envolveram nesta história totalmente política" e como é que se expõem "totalmente" as meninas. "Devíamos ser poupados de tudo isso", afirmou ainda.
Lembre-se que em causa está o tratamento administrado, em 2020, às duas gémeas residentes no Brasil que adquiriram nacionalidade portuguesa. Com um custo total de quatro milhões de euros (dois milhões de euros por pessoa), o Zolgensma tem como objetivo controlar a propagação da atrofia muscular espinal, uma doença neurodegenerativa.
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