No meio de um encontro com a comunidade portuguesa em Genebra, que se estendeu por quase três horas, Luís Montenegro foi questionado pelos jornalistas sobre o significado da derrota da AD para o PS e sobre a queda, para metade da votação, do Chega, respondendo que não pretendia fazer interpretação de resultados.
"Para mim, para o Governo, para o que temos de fazer por Portugal, a sexta-feira antes das eleições é exatamente igual à segunda-feira seguinte às eleições. Nós temos um rumo, nós temos um programa, nós temos o dever de cumprir as nossas promessas e os nossos compromissos, e é isso que vamos fazer intransigentemente", disse.
Para tal, continuou, "é preciso dialogar com os partidos políticos à direita e à esquerda", salientando que, no parlamento, a AD "não discriminou" qualquer partido.
"O que não me podem exigir é resultados desse diálogo se essas forças políticas não querem convergir ou quando elas convergem umas com as outras", disse, considerando que o resultado das europeias "não acrescentou nem tirou nada" quanto à necessidade de diálogo.
Questionado se as europeias não poderão ter retirado gás à extrema-direita em Portugal, Montenegro voltou a recusar fazer interpretações: "Do ponto de vista da governação, para mim não mudou nada no domingo".
"O Governo tem legitimidade do voto popular e da investidura parlamentar", defendeu.
Depois do período de discursos na cerimónia em Genebra, inserida nas comemorações do 10 de Junho, o Presidente da República e o primeiro-ministro conviveram durante mais de duas horas com os cerca de 400 membros da comunidade emigrante presente, entre canapés, tunas que tocaram para Luís Montenegro - que envergou a capa do traje académico - e o jogo de preparação da seleção de Portugal em fundo, mas a que ninguém dedicou muita atenção.
Montenegro, que hoje na Suíça já tinha sido confrontado por professores do ensino de português no estrangeiro e por funcionários consulares, ambos com reivindicações sobre as suas carreiras, também se envolveu numa conversa com emigrantes que o questionaram sobre "as regalias que os estrangeiros têm na compra de um bem", dizendo que são superiores às dos portugueses que querem regressar a Portugal.
Depois de mais este diálogo algo tenso, gravado pelas câmaras, o primeiro-ministro disse tirar desta visita a possibilidade de interagir com a comunidade emigrante.
Questionado se, perante tantas reivindicações, já está arrependido desta deslocação à Suíça ao lado do Presidente da República, respondeu: "De maneira nenhuma, eu gosto disto, eu não fujo a nenhuma conversa seja mais ou menos de acordo com os nossos propósitos".
"Não há ninguém que seja indelicado connosco, mesmo as preocupações que nos são transmitidas são com espírito construtivo. A minha obrigação é ouvir e também esclarecer, estou aqui para isso", assegurou.
As comemorações do Dia de Portugal na Suíça terminam na quarta-feira, em Zurique, mas só depois de uma 'escala' na capital, Berna, para um encontro e almoço com a Presidente da Confederação Suíça, Viola Amherd.
[Notícia atualizada às 21h57]
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